Primavera do Leste / MT - Domingo, 14 de Setembro de 2025

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Brasil

Relembre: Moradores falam sobre preconceito em Primavera



Matéria feita pela jornalista Stephanie Freitas revela preconceito sofrido e superação de alguns moradores de Primavera do Leste. A matéria foi feita no ano de 2017, a pergunta que fica, nos dias atuais a realidade mudou em Primavera?

Na próxima sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, completa-se 320 anos do fuzilamento e esquartejamento do líder do Quilombo dos Palmares, o Zumbi. No local, no alto da Serra da Barriga, atualmente Alagoas, viviam mais de 30 mil pessoas, negras, índias e brancas, em uma sociedade livre, que foi invadida em 1965 por senhores de engenho, bandeirantes de São Paulo e militares de Pernambuco. De acordo com um artigo publicado pelo escritor Marcelo Barros, o censo mais recente mostra que 44% da população brasileira é afro-descendente, mas apenas 5% das pessoas se declaram negras. Da população brasileira mais empobrecida, 64% são pessoas negras. O Mapa da Violência divulgado no início de novembro deste ano que em Mato Grosso, o número de assassinatos de mulheres brancas caiu 15,2% de 2003 a 2013. Já com relação às mulheres negras, cresceu 15,1% no mesmo período. No Brasil, os dados oficiais mostram que um branco de 25 anos tem, em média, mais do que o dobro de anos de estudo do que um negro da mesma idade. Racismo e injúria racial, de acordo com a legislação brasileira, são punidos com reclusão de um a três anos e multa. Realidade em Primavera Em entrevista com três negros moradores da cidade, o advogado Luiz Carlos Rezende, os vereadores Luis Costa e Estaniel Pascoal, e a professora Janaina Rodrigues Pitas, que desenvolveu um grupo de trabalho com Formação Continuada para professores (Seduc), voltado para as Relações Étnico-raciais nas escolas de Primavera, constata-se que de forma velada ou mais explícita, o preconceito existe.

Atuando em Primavera há 13 anos, o advogado Luiz Carlos Rezende, 51 anos, natural de Nova Londrina/PR, conta que, apesar de não ter sofrido agressões verbais racistas diretas, notou, em algumas ocasiões, um certo preconceito. “Já senti que as pessoas esperavam menos de mim à primeira vista. Quando eu dizia que era professor e advogado, me olhavam de um jeito diferente”, comentou Luiz. Ele recorda que há poucos anos, era comum encontrar em anúncios de emprego o quesito ‘boa aparência’, “o que denota uma forma velada de preconceito” acrescentou. Luiz cita casos em que disse ser negro e recebeu como resposta “Ah, mas você não é negro”, como se fosse algum tipo de elogio. Para ele, a postura com relação ao racismo em Primavera não diverge muito da média nacional. “Mas acredito que essa questão vem melhorando, até porque, os negros não aceitam pacificamente, como por exemplo, o caso recente da atriz Taís Araújo”, salientou. O advogado revela que a princípio era contra as cotas raciais. “Mas com experiências como a que tive, quando participei de um encontro nacional de advogados, em que haviam no máximo 100 negros em um público de 2.500 pessoas, passei a defender. Acredito que, na verdade, deveria haver uma seleção que levasse em conta toda a questão social, já que nem todos os negros precisam desse tipo de vantagem, apesar de a maioria necessitar”, avaliou.

 O vereador a época Estaniel Pascoal se orgulha de ser o primeiro presidente negro da Câmara de Vereadores de Primavera. “Existe preconceito sim, como já sofri, mas vejo que a população vem superando”, comentou o parlamentar de 43 anos, morador de Primavera há oito. Vindo de Cuiabá, ele revela que quando contou à família que iria se mudar para cá, ficaram receosos por já ter ouvido sobre preconceito na cidade, “onde predomina a pele e os olhos claros”, comentou. Em um dos casos em que foi vítima de racismo, Estaniel relembra que ao usar o computador, escutou o comentário: “Nossa, ele sabe usar”. Ele comenta que em situações como estas, prefere ignorar e mostrar indiferença. “Mas falta espaço para os negros na sociedade, por isso sou a favor das cotas raciais. Para mim, a educação supera tudo”, enfaztiou. “ACHAM ELOGIO DIZER ‘PRETO DE ALMA BRANCA’”

 Já o vereador Luis Costa, nascido em uma fazenda na região de Primavera, há 33 anos, em um parto realizado pelo próprio pai, relembra algumas experiências traumáticas de racismo. “Já cheguei a registrar boletins de ocorrências. Sem dúvida, os negros são mais vulneráveis na sociedade, e aqueles que conseguem estudar são os que se destacam. Muitos dos colegas de infância e adolescência do Bairro São José, onde eu morava, estão presos ou morreram no mundo da criminalidade”, contou. Luis, ainda adolescente, trabalhou como entregador do jornal O Diário. “Enquanto muitos estavam se envolvendo com drogas ou crimes, eu busquei outro caminho. Mas mesmo assim, sofri muito preconceito. Em uma ocasião em que cheguei a uma casa para entregar o jornal, um cachorro tentou me atacar e peguei um pedaço de madeira para me defender. Ao sair da casa, o proprietário me ameaçou, dizendo que se eu matasse o animal, ele me mataria, porque o cão valia muito mais que eu. Ao mesmo tempo, tinha pessoas generosas que me esperavam com pão e café todos os dias”, relembrou. Ele cita casos em que, por ser honesto, pessoas achavam que estavam o elogiando, quando o chamavam de “preto da alma branca”. Luis afirma que é a favor das cotas raciais, como forma de amenizar toda a repressão e sofrimento dos negros. “EXISTE UM RACISMO VELADO” A professora Janaina Rodrigues Pitas, 38 anos, moradora de Primavera há oito, revela que, entre os aspectos discutidos e pesquisados em três escolas estaduais do município, em 2014, percebeu que muitos alunos desconheciam o dia 20 de novembro. “Isso mostra uma fragilidade na educação. Acredito que existe um preconceito velado. Uma professora negra daqui de Primavera, que mora no Centro da cidade, já foi confundida como empregada, na própria casa. Quer dizer que uma negra não pode morar numa casa bonita, no centro?”, questionou.

Ela acredita que as pessoas que são contra as cotas raciais não conhecem todo o contexto em que foram aprovadas e a construção histórica dessa política afirmativa. “Avalio diante das minhas pesquisas, apresentações em seminários nacionais e estaduais que essa cidade mascara e silencia o peso da discriminação contra o negro, o indígena, o maranhense, e tantos outros grupos que foram e são responsáveis pela construção da mesma”.

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Região

Fazendas concentram queimadas registradas no Estado


Diferente dos anos anteriores, os primeiros 6 meses de 2025 apresentaram redução drástica nos números de focos de calor e queimadas em todo o Mato Grosso. Dados disponibilizados pelo Instituto Centro de Vida (ICV) mostram as cidades mais atingidas e destacam que as queimadas estão concentradas em propriedades rurais registradas.

 

Em entrevista ao site GD, Vinicius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, explicou sobre essa diminuição expressiva de queimadas quando comparadas com o ano anterior. Somente em agosto de 2024, uma área de cerca de 33,8 mil hectares foi atingida pelo fogo, enquanto no mês passado o território queimado foi de 3,9 mil no estado.

 

 

“O principal motivo para a redução das áreas atingidas pelo fogo está relacionado a condição climática. Esse ano a gente teve chuvas acima da média em alguns meses, que não são comuns de chover e uma temperatura mais amenas em julho e agosto, o que também não é comum. Este ano, a chuva voltou próximo do que era um padrão histórico. Já o segundo motivo para essa redução é a mobilização, que está acontecendo desde 2020, após catástrofe dos incêndios no Pantanal e todo estado. Naquele ano, quase 10% da área total de Mato Grosso foi atingida pelo fogo. No ano passado também bateu recorde. A gente ficou dois meses, praticamente, encoberto por fumaça, o que fez com mais programas de combate aos incêndios ocorressem”, detalhou.

 

Conforme dados do Portal de Inteligência Territorial do ICV, as áreas mais atingidas fazem parte de imóvel rural cadastrado, ou seja, de produtores rurais. As queimadas, geralmente, são aplicadas para manejo da terra para lavourar e introdução de pastagem.

 

“Nesses espaços vai haver maior foco de calor, porque ele também ocupa uma maior área. Então, em um cenário de propagação do fogo e seca, ele tende a queimar mais, ser mais afetado. Só que olhamos as causas do fogo e a maioria delas é de conversão da cobertura de terra. Essa associação do fogo com o processo de desmatamento é para o uso agropecuário daquela área e isso acontece dentro dos imóveis rurais privados. Até 31 de agosto desse ano, 56% da área atingida pelo fogo ocorreu nesses imóveis. Seja para limpar aquela área que foi recentemente desmatada e depois poder fazer introdução ali da pastagem ou mesmo da agricultura, que usa o fogo para você ir fragilizando essa vegetação, que torna ela mais fácil para ser removida”, explicou.

 

Entre janeiro a agosto de 2024, foram identificados 25.887 focos, sendo 14.244 na Amazônia, 9.245 no Cerrado e 2.398 no Pantanal. Já no mesmo período de 2025, houve 6.878 focos de calor, 4.489 na Amazônia, 2.362, no Cerrado e apenas 27 no Pantanal.

 

“Além de ser menor, o Pantanal possui um cenário de chuvas favoráveis, como a gente teve esse ano. Por isso, ele vai se manter numa condição de umidade, de alagamento da planície, o que faz com que esse fogo seja facilmente combatido. Por outro lado, é histórica a ocorrência de fogo no Cerrado e onde se tem terras indígenas, em que o uso do fogo é associado à prática de manejo também. No caso da Amazônia, é uma relação com esse processo de conversão mesmo, porque o fogo não é tão nativo a floresta que não é adaptada aos eventos de fogo”, elencou o especialista.

 

O coordenador explica que a Amazônia passa por um processo de redução da umidade. As áreas de floresta, especialmente no estado, elas estão ficando cada vez mais secas e suscetíveis ao fogo.

 

Já em relação aos municípios com mais queimadas, entre os anos de 2024 e 2025, houve diferentes cidades no “top 10”. Porém, nos dois anos, Colniza e Campinápolis listavam entre as com mais focos. Ambas têm motivações distintas para estarem no ranking, como explicou o ICV.

 

“Em Colniza, que fica na Amazônia, o uso do fogo é associado ao desmatamento, a conversão das áreas. Então utilizam o fogo como uma forma de limpeza das áreas após o desmatamento ou para fragilizar a vegetação, tornar ela mais suscetível à conversão, principalmente para diversos imóveis rurais cadastrados. Já em Campinápolis, localizado no Cerrado, é um município que possui diversas áreas indígenas, onde também é utilizado fogo”, explicou.

 

Pensando nos próximos anos, o coordenador alerta que é preciso manter mobilização para lidar com as queimadas o ano todo, não somente no período crítico, entre agosto e setembro.

 

“Se faz necessário manter esse grau de planejamento, prevenção e implementação das práticas de prevenção ao fogo. Ao mesmo tempo, esse período proibitivo e a detecção rápida, com o combate e a responsabilização dos causadores dos incêndios, tem um caráter pedagógico, para mostrar que as práticas e atitudes criminosas não serão aceitas e haverá penalização à altura”, finalizou.


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Opinião - política

Coluna: Com a palavra, Luis Costa Fé no apoio do MDB


Coluna: Com a palavra, Luis Costa

Fé no apoio do MDB

Na política, apoio é igual promessa de campanha: aparece bonito na foto, mas sempre tem um preço na legenda escondida. E eu, com esta crônica crítica suave, sigo como espectador desse teatro onde todo mundo jura estar pensando no povo — mas a bilheteria é sempre reservada aos mesmos.

O prefeito Sérgio Machinic (PL) busca apoios para manter sua governabilidade. Recentemente, o gesto mais comentado foi o apoio da vereadora Karla, do MDB. Apoio esse que, em vez de acalmar, levantou especulações: até quando ela será base do prefeito?

O problema é que o MDB, comandado por Nhonho e pelo ex-prefeito Léo, não costuma deixar essas alianças passarem em branco. A pergunta é inevitável: será que Léo aceitaria ver Karla pedindo voto para Bira? Pouco provável.

A reforma administrativa proposta pelo Executivo continua parada, e dizem nos bastidores que o apoio do MDB tem preço: uma secretaria e quatro cargos de confiança, cuidadosamente escolhidos pelo pastor Ary, líder da Assembleia de Deus Primavera. A lista, segundo fontes, inclui filhos, parentes e fiéis próximos. Depois da foto de mãos dadas, vai ser difícil adiar esse pagamento político.

E assim segue a nossa política de cada dia: uns embarcam, outros descem, e alguns pulam fora do trem da alegria. O que chama atenção é o uso da Bíblia como selo de acordos. E a quem discorda, sobra a ameaça de “se ver com os deuses”. Eu, que escrevo apenas como jornalista opinativo, continuo acreditando no Deus único, justo e que tudo vê. Se Jesus chegasse hoje aos templos da política, não faltariam cordas para o chicote.

Por hoje é só.
Perdoa aí, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido.


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geral

Primavera do Leste marca presença na 5ª Semana da Inovação de Mato Grosso, em Tangará da Serra


Evento reúne especialistas, entidades e gestores públicos para debater inovação, tecnologia e sustentabilidade no agronegócio

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Autor: Vilmar Kaizer

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fábio Parente destaca a importância do conteúdo do evento

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Primavera do Leste, Fábio Parente, participa até o sábado, 13, da 5ª Semana da Inovação de Mato Grosso (SIMT), realizada em Tangará da Serra. O evento é coordenado pela Rede de Inovação de Mato Grosso (Inova MT), com apoio do Governo do Estado e de diversos parceiros institucionais. Com uma programação gratuita, a SIMT oferece palestras, workshops, oficinas de imersão e oportunidades de networking.

O objetivo central é impulsionar iniciativas inovadoras e tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável do Estado, especialmente em áreas estratégicas como o agronegócio. Segundo Fábio Parente, a presença de Primavera do Leste no evento reforça o protagonismo do município dentro da Governança Estadual de Inovação, além de promover a integração entre os municípios e instituições.

“Estamos aqui participando dessa Semana da Inovação porque Primavera do Leste, hoje, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, faz parte da Governança Estadual de Mato Grosso, através da SECITECI e do Parque Tecnológico. Viemos alinhar os trabalhos que vão acontecer a partir do fim do próximo mês, quando o município estará inserido em um grupo de trabalho que envolve a Unemat, Sebrae, sindicatos rurais e parceiros da área de tecnologia”, explicou o secretário.

Ele destacou ainda a participação de diversas instituições no processo, como o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), parceiro na elaboração de um plano de trabalho conjunto. “Tenho certeza que será um sucesso para nossa cidade. Tangará está sediando essa edição, mas existe a possibilidade de Primavera também promover algo semelhante no futuro”, afirmou.

O tema central da edição 2025 é “Caminhos que levam à inovação no agro” e ao longo dos dias, os debates são direcionados para diferentes eixos: “Processos inovadores para a sustentabilidade”; “Cadeias produtivas sustentáveis” e; “Olhando o futuro dos Ecossistemas Inovadores e suas Governanças”, com oficinas, mostra de startups e debate sobre tokenização no agronegócio.

Ao longo do evento, além das palestras, os visitantes podem participar das ações do Circuito Itinerante da Ciência de Mato Grosso – MT Ciências, projeto da Seciteci que leva ao evento experiências práticas, como um planetário digital, drones, óculos de realidade virtual e jogos pedagógicos em 3D.

A 5ª Semana da Inovação de Mato Grosso é organizada pelo Inova MT em parceria com o Ecossistema ConectaTGA, Prefeitura de Tangará da Serra e Sebrae MT. Conta ainda com apoio institucional do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci), além do patrocínio de empresas e entidades que fortalecem o ecossistema de inovação mato-grossense.


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