Advogado de Primavera é investigado pela Polícia de São Paulo por suposto esquema de remoção ilegal de dados
Também são investigados o ex-funcionário da empresa, Roger Cristian Almeida Viana, e Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka
O advogado Fabiano Dalloca, de Primavera do Leste (a 238 km de Cuiabá), é alvo de um inquérito da Polícia Civil do Estado de São Paulo por um suposto esquema de remoção ilegal de dados da Goshme Soluções para a Internet Ltda, mais conhecida como Jusbrasil.
Também são investigados o ex-funcionário da empresa, Roger Cristian Almeida Viana, e Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka.
O inquérito foi aberto pelo delegado Marcel Madruga, da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), após denúncia do próprio Jusbrasil, que identificou um comportamento atípico de Roger no uso da ferramenta de remoção de conteúdo da plataforma.
Fabiano Dalloca afirma em sua rede social que removeu mais de 250 mil apontamentos no JusBrasil
Somente em 2024, ele teria excluído mais de 7 mil tópicos (páginas com informações jurídicas), enquanto os demais colaboradores da área não ultrapassaram 50 remoções cada.
A auditoria feita pelo Jusbrasil revelou que todas as remoções consideradas indevidas feitas por Roger estavam associadas a contas criadas com e-mails de domínio pertencente a Fabiano Dalloca.
A auditoria identificou que o advogado mantinha um grupo no WhatsApp, onde oferecia serviços de remoção de dados do Jusbrasil mediante pagamento, atividade que configura comércio ilegal de informações públicas.
No Instagram, o advogado diz ser especialista em Direito Digital e Consumidor e afirma ter removido mais de 250 mil apontamentos no Jusbrasil. Ele possui de 54,1 mil seguidores.
Além disso, Fabiano se apresentava como parceiro comercial de Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka, que, por sua vez, contatava funcionários do Jusbrasil oferecendo pagamentos em troca de remoções indevidas de conteúdo — tanto por WhatsApp quanto por e-mail. Ele dizia ser dono de um “escritório especializado em remoção de conteúdo da internet”.
O próprio Luiz Fellipe também divulgou, em seu perfil no Instagram, ofertas de “renda extra” para funcionários do Jusbrasil dispostos a realizar essas remoções de forma irregular.
O inquérito
O delegado já solicitou à empresa cópias integrais das auditorias internas, bem como registros eletrônicos e logs de acesso relacionados aos suspeitos.
Também determinou a intimação dos envolvidos para prestarem esclarecimentos e a juntada de suas folhas de antecedentes criminais.
“Após o cumprimento das diligências acima, voltem-me conclusos para ulteriores deliberações”, escreveu o delegado no despacho.
Confira o inquérito da Polícia Civil de São Paulo abaixo:
Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka nega ter participado de qualquer ato ilícito:
DIREITO DE RESPOSTA DIREITO DE RESPOSTA
MANIFESTAÇÃO PRELIMINAR DE DEFESA
Referente ao Inquérito Policial n.º 1519385-30.2025.8.26.0050Investigado: Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka
Luiz Fellipe Hau Maoski Chulka, já qualificado nos autos, vem por meio deste, apresentar sua manifestação preliminar, nos termos que seguem:
1. Negativa de autoria e ausência de dolo – O investigado nega veementemente ter praticado qualquer ato ilícito ou ter ordenado ou participado da execução de comandos de remoção indevida na plataforma Jusbrasil. Ressalta que não possui ou jamais possuiu acesso interno à plataforma, não sendo funcionário, colaborador ou terceirizado da empresa Jusbrasil.
2. Atuação profissional legítima – O investigado atua publicamente como consultor e prestador de serviços na área de recuperação de crédito e reputação digital, orientando cidadãos e empresas sobre meios legais de exercer seus direitos previstos na Constituição Federal, no Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) e, principalmente, na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD (Lei 13.709/2018).
Sua atuação sempre se limitou a informar e intermediar pedidos de remoção ou anonimização por meios oficiais, através de ferramentas públicas disponibilizadas pelas próprias plataformas, como o Jusbrasil, e em muitos casos mediante decisão judicial.
3. Ausência de vínculo ou colaboração com funcionários da Jusbrasil – Rejeita integralmente qualquer acusação de conluio com ex-funcionários da empresa Jusbrasil. Nunca contratou, subornou, ou incentivou qualquer colaborador da empresa a burlar políticas internas ou executar comandos internos de remoção.
Caso terceiros tenham utilizado seu nome sem autorização, ou tentado vincular sua imagem a esquemas indevidos, isso deve ser apurado de forma técnica e isenta, garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório.
4. Questionamento quanto à veracidade e autenticidade das provas – O investigado requer que todas as provas documentais apresentadas pela empresa Jusbrasil (prints, atas notariais, e-mails, números de telefone, perfis sociais, etc.) sejam submetidas à perícia técnica para verificação de autenticidade, integridade e origem, pois eventuais montagens ou manipulações não podem ser descartadas, especialmente em se tratando de ambiente digital e denúncias anônimas.
5. Colaboração com as investigações e boa-fé – O investigado se coloca à disposição das autoridades para esclarecimentos, apresentação de documentação, histórico de clientes e qualquer outra medida que comprove sua atuação transparente e dentro dos limites legais.
Requer, por fim, que não sejam tomadas medidas constritivas precipitadas, como buscas, prisões ou bloqueios, sem a devida análise técnica, contraditório e oportunidade de defesa plena.
Nestes termos,Pede deferimento
Fonte: FTN Brasil
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