Primavera do Leste / MT - Terca-Feira, 22 de Abril de 2025

HOME / NOTÍCIAS

política

Como fica o governo enquanto Bolsonaro está no hospital



Presidente foi diagnosticado com pneumonia, mas equipe considera que ele está em condições de comandar o país
© AFP Presidente foi diagnosticado com pneumonia, mas equipe considera que ele está em condições de comandar o país

presidente Jair Bolsonaro completará neste sábado (9), ainda internado, os primeiros 40 dias de governo. Embora não haja confirmação de quando receberá alta, já é certo que ele terá passado mais de um terço desse período – ou 14 dias – dentro do hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Mesmo com uma recente piora no quadro de saúde, Bolsonaro segue responsável pela Presidência do país – função que chegou a ficar nas mãos do vice-presidente, Hamilton Mourão, mas que Bolsonaro reassumiu dois dias após a realização da cirurgia para religação do intestino e retirada da bolsa de colostomia que utilizava desde que sofreu um ataque a faca durante a campanha eleitoral, em setembro.

Nesta semana, o presidente apresentou febre e recebeu um diagnóstico de pneumonia. Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro escreveu no Twitter que voltou, aos poucos, a se alimentar e divulgou uma foto sorrindo e segurando uma colher com gelatina roxa.

“Nas últimas horas tive o prazer de voltar a comer. Ontem pela noite um caldo de carne e hoje uma boa gelatina. Estou feliz, apesar de não ser aquele pão com leite condensado kkkk. Bom dia a todos!”, escreveu o presidente.

Mesmo diante da internação, a equipe considera que ele está em condições de comandar o país e nega resistência em passar a missão para Mourão, que está em Brasília.

“Não há nenhum tipo de mal estar entre o presidente e o vice. O presidente tem plenas condições de prosseguir dirigindo o país e pode perfeitamente liderar o governo, ainda que fisicamente não esteja presente em Brasília”, afirmou à BBC News Brasil o porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros.

Com a administração de antibióticos até a próxima semana para conter o quadro de pneumonia, Bolsonaro terá de passar por novas avaliações para ter uma previsão de alta. O presidente também tem relatado dificuldade para dormir.

Ao compartilhar no Twitter mais um dos comunicados de Rêgo Barros, o perfil oficial do presidente escreveu: “Cuidado com o sensacionalismo. Estamos muito tranquilos, bem e seguimos firme”.

Afastamento de Brasília atrasa decisões sobre medidas prioritárias

Ainda que o governo procure transmitir otimismo em relação à evolução da saúde do presidente, a distância de Bolsonaro das atividades em Brasília já tem gerado efeitos práticos, reconhecidos inclusive pelos aliados.

O mais claro desses impactos é o atraso para tomar decisões sobre medidas consideradas prioritárias, como a proposta de reforma da Previdência que o governo pretende enviar ao Congresso. Em reuniões internas, integrantes da equipe responsável pelo texto esperam que o presidente bata o martelo sobre o assunto até o dia 19, mas Bolsonaro não se comprometeu publicamente com uma data.

Presidente despacha em seu leito no hospital Albert Einstein
Reuters Presidente despacha em seu leito no hospital Albert Einstein

O encontro com integrantes do governo também está prejudicado pela necessidade de Bolsonaro despachar de seu leito no hospital. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por exemplo, chegou a agendar uma viagem para São Paulo para se reunir com o presidente no dia 31 de janeiro, mas teve de desmarcar o encontro devido à necessidade de repouso de Bolsonaro. O encontro não foi remarcado.

A ausência do presidente no Palácio do Planalto dificulta o contato dele não só com os ministros, mas também com parlamentares, em um momento em que novos deputados e senadores assumem os cargos e começam a desenhar suas estratégias.

O cientista político Renato Matos Roll, consultor na área de relações governamentais, avalia que a distância de Bolsonaro de Brasília não é tão prejudicial neste momento, início do ano legislativo, porque os parlamentares estão voltados para as decisões internas da Câmara e do Senado.

“O momento em que o afastamento do presidente ocorreu causou menores prejuízos porque é momento que o Congresso está olhando para si, com definições sobre a composição da mesa diretora e de comissões temáticas”, afirmou.

Após essas definições, contudo, a ausência do presidente poderá ter mais impacto, principalmente porque o início do governo é considerado um momento-chave para a aprovação de medidas consideradas de difícil aprovação, como a alteração nas regras de aposentadoria.

“Há um trabalho muito intenso, principalmente no início dos governos, de usar o capital político do recém-eleito para angariar apoio para pautas prioritárias. Por isso, há uma expectativa grande de partir para temas como a reforma da Previdência e mudanças na área de segurança pública”, disse.

Pacote de leis anticrime ‘deu sensação de que governo continua andando’

Roll avalia que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, “contrabalançou” a distância de Bolsonaro ao apresentar nesta semana o seu pacote de leis anticrime. “Isso deu a sensação de que o governo continua andando”, afirmou.

O aspecto que mudou pouco durante a internação de Bolsonaro é a interação com o público pelas redes sociais. Ele tem usado a ferramenta para divulgar reuniões de seus ministros, fotos dele no hospital, e compartilhar mensagens publicadas por seus filhos no Twitter.

O ministro Sergio Moro 'contrabalançou' distância de Bolsonaro com pacote de leis anticrime, diz consultor
© Reuters O ministro Sergio Moro ‘contrabalançou’ distância de Bolsonaro com pacote de leis anticrime, diz consultor

As mensagens sobre ações do governo não são as que, em geral, recebem mais curtidas do público. Entre as quinze últimas postagens no Twitter, as mais populares, com mais de 50 mil curtidas, foram uma imagem que informa a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma mensagem em que Bolsonaro diz que nenhum assassino vai detê-lo.

“Começamos mais uma quinta-feira combatendo o bom combate. Temos uma missão e vamos cumpri-la. Precisamos estar unidos para transformar o Brasil em um local mais seguro para os cidadãos de bem! Não perderemos esta oportunidade única! Contem conosco! Nenhum assassino irá nos parar!”

BBC



COMENTÁRIOS

0 Comentários

Deixe o seu comentário!





*

HOME / NOTÍCIAS

Polícia

Polícia investiga esquema que já desviou mais de R$ 2 bi do FGTS


Quadrilha sacava dinheiro de trabalhadores com a ajuda de funcionários da Caixa; banco afirma ter devolvido dinheiro às vítimas.

A Polícia Federal descobriu um esquema que já movimentou pelo menos R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos, em todo o país. O golpe contava com a participação de funcionários da Caixa Econômica e tinha como vítimas, beneficiários de programas sociais e pessoas com direito ao FGTS e ao seguro-desemprego.

 

Eles não arrombam portas. Nem usam armas. São bandidos cruéis, que roubam de quem mais precisa. A maioria das vítimas é de beneficiários de programas sociais do governo federal, que fazem as movimentações pelo aplicativo Caixa Tem. Mas a fraude atinge também trabalhadores com saldo no FGTS e valores a receber do seguro-desemprego. Os criminosos ainda fazem deboche com o dinheiro das vítimas.

 

A Polícia Federal não revelou o nome do chefe da quadrilha. O Fantástico apurou que o golpista é conhecido como Careca. Os investigadores afirmam que ele organizava as operações de invasão das contas de beneficiários.

 

Careca foi preso ao lado de um comparsa, no Rio, em 2022, perto de uma agência da Caixa Econômica. A dupla conseguiu responder ao processo em liberdade, mas o notebook apreendido com eles revelou o esquema.

 

Era uma fraude sofisticada, movida por mecanismos digitais e acessos oficiais. A quadrilha só conseguiu aplicar o golpe tantas vezes por tanto tempo porque teve ajuda de gente de dentro.

A investigação mostrou que funcionários da Caixa repassavam dados sigilosos e fundamentais para que os criminosos invadissem o sistema do Caixa Tem e teve servidor envolvido que foi além: sacou dinheiro pessoalmente na boca do caixa a mando do grupo.

 

Pra montar a fraude, os criminosos acessavam – em páginas ilegais na internet – milhares de CPFs e passavam a identificar quem tinha benefícios ativos. Esses dados eram repassados aos funcionários da Caixa envolvidos no crime, que alteravam os cadastros das vítimas no aplicativo ‘Caixa Tem’, substituindo os e-mails dos beneficiários por outros controlados pela quadrilha.

 

Assim, eles conseguiam gerar novas senhas. Com isso, os criminosos passavam a ter controle total sobre as contas. Faziam transferências por PIX, pagavam boletos ou sacavam o dinheiro.

 

Como os valores dos benefícios não são tão altos, para conseguir mais dinheiro, a quadrilha ficava sempre repetindo o golpe. Precisava acessar o sistema do ‘Caixa Tem’ centenas de vezes por dia. Para isso, usava um software que faz um computador funcionar como se fosse um celular. Neste caso, muitos celulares. O que permitia acessar e controlar muitas contas ao mesmo tempo.

 

Desde 2010, a Polícia Federal tem um serviço especializado no combate a esse tipo de crime. Esta semana, os agentes fizeram uma nova operação em 14 cidades do Rio de Janeiro e apreenderam celulares e computadores. A PF diz que muitas quadrilhas praticam esse golpe em todo o país.

“ A gente acredita que o fortalecimento dos setores de combate à fraude das instituições bancárias, notadamente da Caixa, é fundamental para isso. Esses setores, eles conseguem, de maneira online, identificar as fraudes e as incorreções que estão sendo feitas nas agências”, afirma o delegado da PF-RJ Pedro Bloomfield Gama Silva, que investiga o caso”.

“Nós estamos implementando mais sistemas, tanto de biometria quanto de monitoramento via inteligência artificial também, pra que faça um monitoramento preditivo das ações, pra que se diminua e que a gente possa chegar ao menor número possível de fraudes”, disse Anderson Possa, vice-presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa.

 

A Caixa reconhece que esses criminosos já conseguiram sacar R$ 2 bilhões de beneficiários nos últimos cinco anos e diz que o valor já foi devolvido às vítimas.

 

Quem sofre o golpe pode procurar uma agência da Caixa ou entrar em contato pelo telefone de atendimento ao consumidor: 0800 726 0101.

 

Mesmo depois de desviar dinheiro de quem mais precisa, muitos criminosos seguem em liberdade. A Caixa afirma que os funcionários envolvidos no golpe foram demitidos. A polícia disse que eles e o restante da quadrilha estão respondendo em liberdade.

 


Antenado News