Primavera do Leste / MT - Sexta-Feira, 15 de Novembro de 2024

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MPF investiga seleção para Saúde Indígena em MT; morto há 7 anos tirou 9 em prova



Suspeita é de que salários de indígena falecido tenha beneficiado alguém de esquema da Operação Blackmail

O Ministério Público Federal (MPF) resolveu abrir inquérito civil para apurar irregularidades no processo de avaliação de profissionais de saúde indígena Xavante, na cidade de Barra do Garças (distante 522 quilômetros de Cuiabá). O que chamou a atenção dos procuradores foi o fato de que Magno Tserenhimto Owe Pronhopa foi muito bem na prova, recebendo nota nove. Nada além de um bom desempenho, não tivesse o indígena morrido há sete anos, em 2012, e ainda assim “participado” da prova realizada em março passado.

Logo que as notas e classificações da prova foram divulgadas, diversas denúncias contra a avaliação foram registradas na sede do MPF da cidade.  Além destas, várias irregularidades detectadas no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Barra foram alvos da Operação Blackmail, realizada em fevereiro passado contra um grupo que estaria a cobrar propina para manter pessoas em cargos no DSEI.

Para realizar a avaliação, os representantes sequer comunicaram o MPF ou a Fundação Nacional do Índio (Funai), como fora acordado em um Termo de Ajustamento de Conduta firmado em portaria no mês de abril de 2012.

Com a realização de diligências, o procurador do MPF constatou indícios de que o vínculo trabalhista de Magno com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), prestadora dos serviços, foi mantido até dezembro de 2017. Os agentes suspeitam que os salários, pagos com recursos federais, tenham sido mantidos em convênio.

Além disso, uma das pessoas identificadas na Operação Blackmail como suposta recebedora das propinas citadas fazia, inclusive, parte da banca avaliadora do processo seletivo.

Segundo informou o MPF, todos os envolvidos no processo seletivo denunciados no inquérito podem responder pelo crime de organização criminosa, vantagem indevida, apropriação de bem público em proveito próprio, constrangimento mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter vantagem econômica.

O responsável pelas investigações no âmbito da Blackmail é o procurador da república titular do primeiro ofício, Everton Pereira Aguiar Araújo. Ele informou que a investigação criminal sobre estes fatos seguirá.

“Os investigados poderão responder pelos crimes do art. 2º da Lei 12.850/2013 (promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa), com pena máxima de 8 anos; art. 317 (Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem) e 312 (Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio) ambos do código penal com pena máxima de 12 anos; art. 158 (Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa) do Código Penal, com pena máxima de 10 anos”, consta do relatório do procurador tornado público nesta quarta-feira (17).

ÍNTEGRA DA NOTA DO MPF

O Ministério Público Federal em Barra do Garças, por meio do Procurador da República Titular do 1º Ofício, Everton Pereira Aguiar Araújo, diante das denúncias realizadas por meio da Sala de Atendimento ao Cidadão e, pessoalmente, na sede MPF em Barra do Garças, sobre irregularidades no processo de avaliação de profissionais de saúde indígena Xavante, esclarece que:

Detectou-se que a avaliação foi realizada contrariando o que está disposto na Portaria nº 755, de 18 de abril de 2012, além disso, fora recomendado pelo Ministério da Saúde que a avaliação deveria ser realizada perante representantes da Funai e do MPF.

Verificou-se que o Ofício nº 328/2019 Convênio SPDM/Saúde Indígena, de 15 de abril de 2019, informa que não houve o comparecimento dos representantes da Funai e do MPF na avaliação, sendo que, nenhum convite foi direcionado ao MPF em Barra do Garças para compor a aludida banca de avaliação, fato que levanta fortes suspeitas quanto a higidez das informações apresentadas no ofício;

No Parecer nº 7/2019-Xavante/DSEI/SESAI/MS, o Distrito apresentou seu inconformismo diante da forma como foi conduzida e os critérios usados na avaliação, e informou que não houve nenhum convite para a mesma, tendo ciência do evento na véspera, o que reforça as suspeitas de inidoneidade da Comissão Avaliadora;

Identificou-se, mediante apreciação das fichas de avaliação, que a mesma preteriu o conhecimento técnico, na área de saúde indígena, em função de critérios obscuros;

Fora identificado dois fatos ainda mais graves: o funcionário MAGNO TSERENHIMTO OWE PRONHOPA, recebeu em sua avaliação a nota 9. Ocorre que consta o óbito de Magno no ano de 2012, ou seja, uma pessoa falecida há sete anos recebeu nota superior que mais de 50 pessoas;

Após diligências, constatou-se fortes indícios de que o vínculo trabalhista entre Magno e a SPDM foi mantido, pelo menos, até o dezembro de 2017, suspeitando-se que os pagamentos dos salários, com recursos federais, foram mantidos pela conveniada;

Outro fato grave relatado foi a presença, na banca avaliadora, de pessoa investigada criminalmente por cobrar propinas de profissionais de saúde do DSEI como condição para continuarem trabalhando no sistema;

Diante dos fatos apresentados, foi instaurado inquérito civil para apurar: (a) as irregularidades apontadas no Processo Simplificado nº 002/2019 para contratação de profissionais de saúde para atuar no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante; (b) apurar irregularidades na avaliação dos profissionais de Saúde prestadores de serviço que atuam no DSEI Xavante realizada nos dias 25 a 29 de março de 2019 na cidade de Barra do Garças/MT; e (c) apurar a conduta dos funcionários da SPDM e de membros do Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante e suas ações envolvendo os dois eventos retromencionados;

A investigação criminal sobre estes fatos seguirá no âmbito da operação Blackmail. Os investigados poderão responder pelos crimes do art. 2º da Lei 12.850/2013 (Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa), com pena máxima de 8 anos; art. 317 (Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem) e 312 (Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio) ambos do código penal com pena máxima de 12 anos; art. 158 (Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa) do Código Penal, com pena máxima de 10 anos.

Folha Max 



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política

Veja organograma de como funcionava esquema de fraude e desvio de recursos em prefeitura de MT


Por g1 MT

O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apresentou um organograma com os seis presos na Operação Gomorra, que foi deflagrada nessa quinta-feira (7)mostrando como funcionava o esquema entre os investigados por fraude de licitações e desvio de recursos em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá. De acordo com o MP, esse mesmo grupo tem contratos, que agora são investigados, com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais .

No documento apresentado pelo MP, em conjunto com a Polícia Civil, é possível identificar que Edézio Corrêa, líder do grupo, contava com a ajuda e apoio da convivente: Tayla Beatriz Silva Bueno Conceição, dos sobrinhos: Roger Corrêa da Silva, Waldemar Gil Corrêa Barros e Jânio Corrêa da Silva, da irmã: Eleide Maria Correa, e da sócia: Karoline Quatti Moura (veja abaixo a ligação entre eles).

Para viabilizar o esquema, quatro empresas foram criadas com o objetivo de firmar contratos fraudulentos com as prefeituras e câmaras municipais. Cada integrante da organização ficou responsável pela administração de uma dessas empresas, garantindo o funcionamento do esquema e a manipulação dos processos licitatórios.

Organograma mostrando como funcionava o esquema de desvio — Foto: MPMT

Organograma mostrando como funcionava o esquema de desvio — Foto: MPMT

O que cada integrante fazia:

  • Tayla: sócia da Pontual Comércio e Serviços de Terceirizações LTDA;
  • Roger: sócio da Pantanal Gestão e Tecnologia LTDA;
  • Eleide: sócia da Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática LTDA e foi sócia da Centro América Frotas LTDA de janeiro a março de 2020;
  • Waldemar: foi sócio da Saga Comércio de 2017 a 2020;
  • Jânio: sócio ativo da Centro América desde 2007
  • Karoline: proprietária da Karoline Quatti Moura e PP

O g1 tenta localizar a defesa dos investigados.

De acordo com o MP, Karoline fazia movimentações desde o ano de 2019 e, até 2020, movimentou mais de R$ 8,3 milhões para a Saga Comércio, durante esse período.

Além disso, a investigação constatou que o esquema de fraude consistia em manipular processos licitatórios para garantir contratos fraudulentos entre a administração pública e empresas de fachada. O modus operandi envolvia a participação ativa de prefeitos municipais, que, como ordenadores de despesa, facilitavam a fraude e garantiam a continuidade do esquema, mesmo após a prisão de alguns dos investigados. Até o momento, não foi divulgado o nome de prefeitos ou vereadores envolvidos na organização criminosa.

As investigações também revelaram que o grupo atuava principalmente em prefeituras do interior de Mato Grosso, sendo o município de Barão de Melgaço, um dos principais alvos das fraudes.

A investigação identificou quatro empresas que, embora legalmente registradas, eram utilizadas de maneira indevida para viabilizar as fraudes. No caso específico de Barão de Melgaço, o esquema se tornava ainda mais evidente, com as empresas sendo contratadas para fornecer serviços e produtos que, na prática, nunca eram entregues, ou eram entregues de forma inadequada e superfaturada.

Diante às fraudes, o Ministério Público solicitou à Justiça uma série de medidas cautelares para impedir que o grupo siga atuando. Entre as medidas requeridas, estão a suspensão das atividades econômicas das empresas envolvidas no esquema e o afastamento do sigilo de dados eletrônicos. A Justiça manteve a prisão temporária dos integrantes do grupo.

Além disso, o MP e a Polícia Civil também solicitaram a busca e apreensão de computadores, notebooks, celulares e documentos nos endereços residenciais e profissionais dos investigados, para coletar mais provas que possam esclarecer o papel de cada envolvido e detalhar a atuação do grupo criminoso.

Entenda o caso

 

Nesta quinta-feira, após a prisão dos envolvidos, o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) divulgou uma lista com supostos contratos firmados pelo grupo com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais de Mato Grosso (veja lista no final da matéria).

Conforme a investigação, em Barão de Melgaço, a 121 km de Cuiabá, os suspeitos utilizaram ‘cartões coringa’ como mecanismo para desvio de combustível e prática de sobrepreço — valor cobrado acima do preço justo de forma abusiva.

De acordo com o Naco, a identificação do esquema ocorreu após a análise de todos os processos licitatórios homologados pela Prefeitura de Barão de Melgaço com uma empresa, desde o período de 2020 até a atualidade.

A investigação

 

Durante a investigação, foi constatado que outras empresas que participaram desses processos tinham sócios pertencentes à mesma família do proprietário da empresa. Além disso, algumas dessas empresas nem sequer estavam em operação.


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cidade

Servidores são alvos de operação que investiga aliciamento de eleitores indígenas para influenciar resultado de eleição em município de MT


Envolvidos teriam coagido indígenas a transferirem os títulos eleitorais para o município, com o intuito de votarem em determinados candidatos durante as eleições municipais de 2024.

Dois servidores públicos foram alvos de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (8), que investiga um esquema de aliciamento de eleitores indígenas da etnia Enawene Nawe, em Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, para influenciar no resultado das eleições municipais deste ano.

A suspeita é que os envolvidos teriam coagido indígenas a transferirem os títulos eleitorais para o município, com o intuito de votarem em determinados candidatos a vereador e a prefeito.

Conforme a investigação da polícia, servidores estariam envolvidos no fretamento de dois ônibus para transportar eleitores indígenas ao município durante o período eleitoral. Segundo a PF, os votos arrecadados seriam para atual prefeito do município, Edelo Ferrari (União), reeleito nas eleições municipais de 2024, com 4.634 dos votos válidos.

g1 entrou em contato com a Prefeitura de Brasnorte, que informou não ter conhecimento oficial dos fatos apurados pela operação e que, assim que tiverem acesso às informações, prestarão os esclarecimentos necessários. Já Edelo não deu retorno até esta publicação.

Prefeito de Brasnorte, Edelo Ferrari, afirma que Brasnorte é o futuro celeiro de Mato Grosso. — Foto: Prefeitura de Brasnorte - MT

Prefeito de Brasnorte, Edelo Ferrari, afirma que Brasnorte é o futuro celeiro de Mato Grosso. — Foto: Prefeitura de Brasnorte – MT

Outros crimes eleitorais

 

Uma outra operação deflagrada também nesta sexta, em Brasnorte, investiga a divulgação de vídeos íntimos, envolvendo outro candidato a prefeito nas eleições 2024.

A Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão, com o objetivo de coletar provas que possam identifiquem os responsáveis pela produção e divulgação das imagens.

Policiais apreenderam uma quantia de R$ 100 mil em espécie — Foto: Reprodução

Policiais apreenderam uma quantia de R$ 100 mil em espécie — Foto: Reprodução

Durante as buscas, os policiais apreenderam três celulares, uma pistola, várias munições e uma quantia de R$ 100 mil em espécie.

Em decorrência da posse ilegal de arma de fogo, o suspeito foi preso em flagrante e uma nova investigação foi instaurada para apurar a origem do dinheiro apreendido.

Fonte: G1 MT


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