Foram confirmados neste sábado (6) os primeiros casos da febre amarela em humanos na Grande São Paulo. Duas pessoas morreram e uma está em estado grave.
Era para ser apenas um passeio. Festejar o Natal e a chegada do ano novo, mas o local escolhido transformou o descanso em tragédia. O município de Mairiporã é uma das regiões com o maior número de casos suspeitos de febre amarela silvestre na Grande São Paulo. E foi lá que dois homens, que não estavam vacinados, se contaminaram e morreram por causa do vírus da doença. “Na verdade, a cidade inteira, hoje, a gente toma como área de risco”, afirma Grazielle Bertolini, secretária de Saúde de Mairiporã.
A prefeitura intensificou a vacinação na cidade: tem postos que funcionam 24 horas por dia. “A gente só pensa que acontece com os outros, né. Quando chega bem pertinho a gente fala ‘opa, pode acontecer comigo'”, admite o comerciante Paulo Castrillo.
O terceiro caso confirmado na grande São Paulo é o de uma engenheira, de 27 anos, que também esteve na região de Mairiporã, mas para trabalhar. Antes de ir, ela chegou a ser avisada pela família da necessidade de tomar a vacina contra a doença, mas ela não quis. Acabou sendo picada por um mosquito contaminado e desenvolveu uma infecção muito grave no fígado, uma hepatite muito forte. No Hospital das Clínicas de São Paulo, ela foi submetida ao primeiro transplante de fígado de que se tem notícia feito exclusivamente para tratar um caso de febre amarela. É uma esperança: a cirurgia foi bem-sucedida, mas o caso dela segue muito grave. “Ainda é precoce para dizer, mas ela já saiu da situação crítica em que estava. Como nunca foi feito nenhum caso até agora no mundo, a evolução daqui para frente, com certeza, vai ser muito importante”, conta a infectologista Alice Song. Dependendo da reação da paciente, o transplante de fígado pode passar a ser adotado como uma forma de tratamento da doença.
Em São Paulo, por enquanto, só foram registrados casos de febre amarela silvestre, que é transmitida pelos mosquitos haemagogus e sabethes. Eles picam macacos infectados e transmitem para os humanos. “Tem que ficar muito claro que o macaco é o marcador epidemiológico: ele que nos alerta a tomar as providencias. Quais são as providencias? A primeira é vacinar a população. A segunda providencia é alertar sem pânico. Não há motivo para pânico. Nós temos essa situação sob absoluto controle. A vacina é fundamental. É uma vacina segura, duradoura e que protege a população”, explica David Uip, secretário estadual de Saúde de São Paulo.
A aposentada Maria Helena Bueno correu para se proteger. E teve que convencer o pai, de 88 anos, a levar a picada da vacina. “Ele não quis tomar, tem medo de tomar vacina. Depois que passaram na televisão os casos de Mairiporã, ele resolveu vir”, diz ela.
Nos últimos dias, casos de febre amarela foram registrados em outros pontos do Sudeste. Em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Secretaria de Saúde do estado confirmou uma morte e um paciente internado. Por causa disso, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça está fechado para visitação preventivamente. Na Baixada Fluminense, a Secretaria de Saúde do estado recomendou a vacinação contra a febre amarela em Nova Iguaçu, depois da confirmação da morte de um macaco na região da Reserva Biológica do Tinguá.
Fonte: Jornal Nacional
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