Arcanjo é preso suspeito de comandar jogo do bicho em MT; outros 62 mandados são cumpridos em operação
As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões.
A Polícia Civil faz uma operação nesta quarta-feira (29) em Cuiabá contra duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso. Até as 7h (horário de MT) foram presos João Arcanjo Ribeiro e o genro dele Giovanni Zem Rodrigues, ambos suspeitos de chefiar uma das organizações.
Giovanni Zem Rodrigues foi preso pela Polícia Federal (PF) ao desembarcar em Guarulhos (SP) na manhã desta quarta-feira.
Ao todo são 33 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, um dos alvos de prisão é Frederico Muller Coutinho, suspeito de chefiar outra organização do esquema, mas não há informações se já foi preso ou não. O advogado de Frederico, Adriano Coutinho de Aquino, disse que ainda não está inteirado sobre a prisão e só vai se pronunciar após ter acesso aos autos.
O G1 tenta localizar a defesa dos outros presos.
A Operação Mantus foi deflagrada pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) para o cumprimento de mandados expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.
As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e em mais 5 cidades do interior do Estado.
Em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, um homem e uma mulher foram presos e três veículos foram apreendidos.
Investigações
As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues, já a outra é liderada por Frederico Muller Coutinho.
João Arcanjo Ribeiro, conhecido como “Comendador”, é acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, nas décadas de 80 e 90, além de estar envolvido com a sonegação de milhares de reais em impostos, entre outros crimes.
João Arcanjo Ribeiro
No ano de 2002, Arcanjo foi alvo da operação da Polícia Federal, Arca de Noé, em que teve o mandado de prisão preventiva expedido pelos crimes de contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio. A prisão do bicheiro foi cumprida em abril de 2003 no Uruguai. Arcanjo conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em fevereiro de 2018, após 15 anos preso.
Frederico Müller Coutinho
Briga entre organizações
Durante as investigações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.
Os investigadores também identificaram remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades. Foram decretados os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados.
Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.
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