Primavera do Leste / MT - Terca-Feira, 02 de Dezembro de 2025

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Justiça condena ex-prefeito Getúlio Viana por usar bem público em obras para favorecer o amigo



O juiz Alexandre Delicato Pampado, da Comarca de Primavera do Leste, condenou o ex-prefeito da cidade, Getúlio Viana, a pagar 10 salários mínimos e prestar serviços comunitários, em razão dele ter usado equipamentos e servidores da Prefeitura em uma construção particular, para favorecer a um amigo.

O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou Getúlio Viana, apontando que ele teria, entre 2009 e 2012, enquanto prefeito de Primavera do Leste, se apropriado indevidamente de bens públicos – tratores, patrolas, rolo compactador, caminhões, entre outros – e de servidores para obras particulares.

Segundo o MPE, a estrutura pública serviu à abertura de ruas, intervenções em avenidas e construção de asfaltos para formar um novo loteamento nas proximidades de uma universidade particular da cidade. No local, foi construído um condomínio residencial, de propriedade da empresa Imobiliária Riva Ltda, que pertence ao empresário Waldomiro Riva, amigo do ex-prefeito.

O MPE entende que Viana infringiu a Lei dos Prefeitos, pois se apropriou de bens públicos em proveito próprio.

Depoimentos

Se faziam presentes no Novo Loteamento Jardim Riva, propriedade particular, máquinas e servidores afetos à Prefeitura Municipal

Trecho da decisão do juiz Alexandre Delicato

Servidores públicos que atuaram na obra relataram à Justiça que despenderam esforços, por meio de equipamentos públicos, para obras em lotes de propriedade particular.

“Resta demonstrado pelos elementos de convicção amealhados durante a instrução, que se faziam presentes no Novo Loteamento Jardim Riva, propriedade particular, máquinas e servidores afetos à Prefeitura Municipal, os quais, a mando do então Prefeito Municipal Getúlio Gonçalves Viana estavam prestando serviços de infraestrutura no referido empreendimento”, afirma o juiz Alexandre Delicato Pampado, na decisão.

O magistrado frisa que o tipo de serviço de preparação para asfalto e terraplanagem, realizado na área, demanda elevado custo ao erário, “com mão de obra, combustível, maquinário e outras despesas”.

Na época das obras, conforme os autos, a Polícia Civil teve de intervir, ao constatar a irregularidade, para impedir que elas tivessem prosseguimento.

Ex-prefeito e empresário negam irregularidades

Proprietário do estabelecimento imobiliário no qual teriam sido feitas as obras, o empresário Waldomiro Riva afirma que fez um acordo com Viana para que ele construísse uma avenida na parte de cima do empreendimento, com recursos particulares, enquanto a Prefeitura construiria a de baixo, para facilitar o acesso ao empreendimento. Riva negou que tenham sido feitas intervenções com materiais da Prefeitura no interior do empreendimento.

Em depoimento, Viana afirmou que teve de colocar os maquinários da prefeitura na obra particular porque uma intervenção no local, supostamente feita por funcionários particulares, estourou as ligações de água da região e a Prefeitura teve de refazê-las, por isso foi colocado maquinário nas proximidades do loteamento.

Ele declarou que equipamentos da Prefeitura tiveram de retirar excesso de terra da área do empreendimento residencial para colocar em outro lugar. Em relação às intervenções na avenida, justificou que elas foram feitas em razão de estragos feitos pelas construções de “bocas de lobo” ocasionadas pela obra do empreendimento residencial.

As alegações de Viana foram consideradas insubsistentes e sem elementos que pudessem comprová-las.

“Com efeito, verifica-se que as palavras do réu se encontram em total dissonância com o quanto declarado pelas testemunhas ouvidas em juízo, vez que foram categóricas e uníssonas ao confirmar que máquinas de propriedade da Prefeitura Municipal de Primavera do Leste-MT, prestaram serviços em empreendimento particular, consistente em um loteamento de propriedade do empresário Sr. Waldomiro Riva”, afirmou o magistrado.

O magistrado mencionou que as provas apresentadas nos autos “demonstram o quão induvidosa é autoria delitiva atribuída ao réu, o qual utilizou-se indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas e serviços públicos, na qualidade de Prefeito do Município de Primavera do Leste-MT”.

Nos autos, o secretário de Obras da gestão de Viana confirma que “recebeu ordens diretas do gestor público municipal, para preparar ruas para recebimento de asfalto no loteamento de propriedade do Sr. Waldomiro Riva”.

O juiz ressalta ainda que ficou comprovado, nas apurações, que Viana e Riva mantiveram relação de amizade, “circunstância evidenciada pelos seus respectivos depoimentos em juízo, em que se constatou troca de telefonemas, insurgências e acordos realizados entre ambos, fatores que aproximam ainda mais o réu do cenário criminoso em análise”.

Segundo o magistrado, em 12 de julho de 2011, Viana tentou se isentar das responsabilidades pelo ato irregular ao sancionar uma Lei para regularizar as obras feitas na região do empreendimento residencial. “A referida lei se deu posteriormente aos fatos em análise, não tendo qualquer viés de regularização ou legitimação da conduta na esfera penal, servindo apenas, neste caso, para constatar os ilícitos praticados em prejuízo do erário”.

Condenação

A decisão do magistrado é do dia 28 de novembro. A pena prevista para o crime em questão é de 1 a 12 anos de reclusão. Ao definir a condenação de Viana, o magistrado considerou que ele deveria cumprir quatro anos de reclusão. No entanto, apontou que tal período, conforme o Código Penal, pode ser substituído por medidas restritivas.

Desta forma, o magistrado substituiu a pena privativa de liberdade por duas restritivas. Sendo assim, o ex-prefeito deverá prestar serviços à comunidade ou a entidades públicas e deverá pagar 10 salários mínimos a uma entidade indicada pela Justiça.

O magistrado ainda decretou que Viana deverá ser considerado inabilitado para exercer cargo ou função pública por cinco anos.

Outro lado

A defesa do prefeito rechaçou tais afirmações e argumentou que não havia indícios suficientes de que ele tivesse feito as obras para proveito próprio. Getúlio informou ao site RD News que não foi notificado da decisão e não quis comentar sobre o fato.

RD News



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O Vale Verde e o Povo de Poxoréu


Crônica: O Vale Verde e o Povo de Poxoréu

Quando o asfalto de acesso ao Vale Verde finalmente for concluído, quem sabe o Ratinho vai ter que vir até aqui fazer um teste de DNA. Não para descobrir quem é o pai da criança, mas para ver se ele vai ter coragem de dizer ao povo a verdade que tanto querem ouvir: “quem é que realmente faz as coisas acontecerem?” Parece piada, mas é o tipo de situação que nos faz pensar se as coisas não poderiam ser mais claras, mais simples.

Hoje em Poxoréu, é um tal de vereador medindo rua e fazendo questão de aparecer para mostrar que está lutando pela comunidade. Esquecem, no entanto, que não é um só, mas toda a Câmara Municipal quem vota, quem decide e quem faz a diferença. E mais importante ainda, que o trabalho não é só das figuras públicas que batem no peito e se acham os donos das vitórias. Não se pode esquecer o prefeito, que também tem seu papel fundamental, e os vereadores da própria cidade, que são os responsáveis pelas suas bases, e não quem vem de fora para fazer graça.

É até engraçado ver alguns deles se jogando no TikTok, tentando mostrar serviço. É como se estivessem dizendo: “Olhem, estou aqui, trabalhando pelo povo!”, enquanto tudo o que fazem é tentar agradar a câmera. O mais curioso é que, no final das contas, quem acaba sendo exposto como verdadeiramente ignorante nessa história não é o povo de Poxoréu, que já cansou de ser enganado por sorrisos falsos e promessas vazias. O povo, esse sim, não é bobo e sabe que não se resolve tudo com vídeos para as redes sociais.

É por isso que, quando o asfalto finalmente chegar, e os sonhos de muitas famílias de Poxoréu começarem a se concretizar, será a hora de fazer um exame de verdade. E talvez o Ratinho, tão visível nas campanhas, seja quem precise vir aqui dar as respostas que o povo merece ouvir. Até lá, ele e tantos outros seguirão no caminho da vaidade, mas a verdade é que quem não tem compromisso com o povo logo se verá distante de suas promessas.

Enquanto isso, a população de Poxoréu vai continuar observando, com olhos abertos. Eles não são ignorantes, não. O que falta, na verdade, é saber se quem tenta enganar realmente percebe que não há mentira que dure para sempre.

Fico por aqui, observando, aguardando o próximo movimento dessa novela, mas com a certeza de que o povo de Poxoréu não será facilmente enganado.


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