Alinhamento entre quem investiga e o magistrado é natural, diz promotor Zaque
O promotor Mauro Zaque, da 11ª Promotoria de Justiça Cível de Cuiabá e coordenador dos Gaecos regionais, avalia que é necessário analisar com calma os trechos de conversas da equipe da Lava Jato, que estão sendo publicados pelo site The Intercept desde ontem (9). Pondera que é necessário primeiro saber se são verídicos e, depois, de qual contexto foram pincelados.
Em entrevista ao site RD News , Zaque ressalta, entretanto, que, até agora, não há nada de ilícito nos diálogos atribuídos ao então juiz federal Sérgio Moro (hoje ministro da Justiça e Segurança Pública) e dos membros do Ministério Público Federal (MPF), responsáveis pelas investigações da Lava Jato.
“Isso é natural, o juiz ser informado sobre o que acontece. Não tem relação suspeita. Quem investiga tem que estar alinhado ao magistrado”, explica.
O promotor, que ficou conhecido nacionalmente após denunciar um esquema de grampos ilegais no Governo Pedro Taques (PSDB), não vê indícios de que Moro tenha orientado ou aconselhado os procuradores. “Não vejo nenhum problema, uma vez que estas conversas, apresentadas pela imprensa, são provas ilícitas e suspeitas por estarem sendo vazadas desta forma. Só visa atender interesse de quem é investigado”, ressalta.
“Só visa atender interesse de quem é investigado”
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pela primeira vez por suposto recebimento de propina da construtora OAS, que tinha contratos com a Petrobras, por meio do tríplex no Guarujá. Os trechos divulgados no domingo indicam, segundo o The Intercept, que o procurador Deltan Dallagnol não tinha convicção sobre as provas que ligariam o ex-presidente ao tríplex. A situação teria ocorrido dias antes do MPF oferecer a denúncia.
Mauro Zaque, por sua vez, discorda desta interpretação. Para ele, Dallagnol não tinha dúvidas, “tinha que deixar bem amarrado porque eles (defesa de Lula) iriam questionar isso”, avalia Zaque. Lula foi condenado por Moro e a punição foi mantida pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o que provocou a prisão de Lula, devido ao fato de ter sido condenado em segunda instância por um colegiado.
O ex-presidente teve recursos negados também no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). A Lava Jato, por sua vez, é considerada a maior operação já realizada no Brasil.
RD News
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