Primavera do Leste / MT - Sábado, 27 de Julho de 2024

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Polícia

‘Desleixo’ de Estados com presídios ‘beira o crime contra a humanidade’, diz ministro da Justiça



Reduzir a violência e integrar presos à sociedade é um “desafio brutal”, diante da “incompetência” e “desleixo” dos Estados e do aumento exponencial da população dos presídios.

A afirmação acima é do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Procurado pela BBC Brasil para falar sobre o motim ocorrido na segunda-feira, primeiro dia do ano, em Aparecida de Goiânia – que deixou nove mortos, 14 feridos e 99 foragidos -, ele disse que o governo de Goiás não “aplicou como devia” os recursos federais do Fundo Penitenciário Nacional transferidos ao Estado nos últimos anos.

Segundo Jardim, o governo federal tem investido em programas em busca de soluções para o problema, mas nem todas as administrações estaduais têm feito a sua parte.

Em 2017, foram repassados pelo governo federal R$ 1,2 bilhão aos 26 Estados e ao Distrito Federal para a construção de novas unidades e modernização de presídios, diz o ministro.

Mas, até o final do ano passado, foram gastos 4% dessa verba. Cada governo estadual recebeu R$ 44,7 milhões – Goiás, por exemplo, investiu R$ 7,7 milhões.

“Goiás, entre 1999 e 2015, recebeu quase R$ 90 milhões de reais. Em 2016, recebeu mais R$ 44 milhões e não fez a aplicação que devia no sistema penitenciário. Esse motim é reflexo. Falta uma decisão política clara dos governadores de resolverem a questão presidiária”, criticou Jardim.

Procurado pela reportagem, o governador Marconi Perillo (PSDB) rebateu as afirmações do ministro. Em nota, ele afirmou que o Estado investiu R$ 3 bilhões em recursos próprios no sistema carcerário.

“No dia e hora que ele (Torquato) desejar, vou provar de onde parte o desleixo. O (investimento da União) é muito pouco, apenas 1% de todo o nosso investimento.”

Para especialistas, a responsabilidade pela crise no sistema carcerário do pais é, na verdade, de ambas as esferas: estadual e federal.

Professor da Fundação Getúlio Vergas (FGV), Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirmou que falta ao Executivo federal capacidade de liderança para coordenar uma política pública nacional voltada ao sistema prisional. E os Estados, acrescentou, carecem de capacidade técnica para gerir os presídios.

“Falta coordenação entre as esferas de poder. Todos têm um pedaço de responsabilidade e ninguém é responsável por tudo. É aquela história de que a culpa é do síndico, então a culpa acaba recaindo sobre governadores. Mas isso é em parte injusto.”

‘Crime contra a humanidade’

O ministro da Justiça vai além nas críticas aos governadores. Segundo ele, algumas gestões estaduais “sumiram” com a verba do Fundo Penitenciário Nacional.

“O desleixo dos governos estaduais com o sistema carcerário beira o crime contra a humanidade. O Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) destinou R$ 1,2 bilhão para os Estados aplicarem em construção e manutenção dos presídios. E o que eles fizeram com o dinheiro? Em quatro Estados, o dinheiro sumiu”, disse.

Torquato Jardim
“O desleixo dos governos estaduais com o sistema carcerário beira o crime contra a humanidade”, disse Torquato Jardim | Foto: Ministério da Justiça

Questionado pela reportagem, ele não quis especificar quais Estados “sumiram” com os recursos. O relatório de gasto das verbas de 2017 do Funpen mostra que 18 governos movimentaram pequenas fatias da verba, enquanto oito não usaram nem sequer um tostão.

Pelas regras, os Estados teriam que devolver os recursos, mas o governo federal publicou uma portaria permitindo que o dinheiro seja gasto até dezembro de 2018.

“Nós fizemos uma tolerância. Baixei uma portaria autorizando o gasto do dinheiro até 31 de dezembro de 2018. A partir daí, terão que sofrer as consequências”, disse Torquato Jardim à BBC Brasil.

O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cesar Schirmer, culpa a “burocracia” pelas dificuldades de os Estados usarem os recursos do Fundo Penitenciário. Segundo ele, uma resolução do Ministério da Justiça impõe uma série de regras específicas para a construção de novos presídios.

“Os procedimentos burocráticos não são feitos com a agilidade necessária. Isso não é só responsabilidade dos Estados”, afirmou à BBC Brasil.

“Tem uma resolução que estabelece tamanho grau de minúcias e detalhes que nenhum Estado consegue cumprir essa exigência, Cria-se tal detalhamento que, para elaborar o projeto e levar a cabo, é um parto. Enviamos o projeto para construir um presídio em Rio Grande em agosto. Em dezembro, quatro meses depois, o Depen nos retornou pedindo alterações”, afirmou.

Massa carcerária

A rebelião que aconteceu em Goiás está longe de ser um caso isolado. No início do ano passado, casos ocorridos em prisões de Roraima, Amazonas e Rio Grande do Norte deixaram 120 mortos. E nada indica que esses episódios recorrentes de violência, em sua maioria causados por guerras entre facções criminosas, deixarão de se repetir.

A população carcerária cresceu 700% em 25 anos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Hoje existem 727,5 mil presos e um deficit de 336 mil vagas – superlotação generalizada que dificulta o controle dos presos por agentes penitenciários e gera condições degradantes nas prisões.

O Brasil é o terceiro país com a maior população carcerária do mundo, apenas depois dos Estados Unidos e China, respectivamente. A Rússia vem em quarto.

“Nesses três países (EUA, China e Rússia), a taxa de população carcerária vem caindo, com a introdução de outras formas de responsabilização alternativas ao encarceramento, como prestação de serviços e multas”, disse à BBC Brasil a coordenadora-geral de Promoção da Cidadania do Departamento Penitenciário Nacional, Mara Fragapani Barreto.

Presídio superlotado no Acre
Com 727 mil presos, o Brasil é o terceiro país com a maior população carcerária do mundo. O primeiro é os Estados Unidos, seguido pela China. A Rússia vem em quarto | Fonte: CNJ

“O Brasil está na contramão disso, com um crescimento anual da população prisional”, acrescentou.

Presos provisórios, ou seja, que ainda não foram condenados em definitivo pela Justiça, são 40%, da população prisional, segundo relatório de 2017 do Depen.

O Estado de São Paulo concentra 33,4% do total de presos do Brasil, com 240 mil presidiários. Segundo os dados, 55% dos detentos do país têm entre 18 e 29 anos de idade, e 51% não chegaram a completar o ensino fundamental.

“Grande parte dos presos é jovem, não tem nem o primeiro grau completo, vêm de famílias incompletas – não tem pai – e é pobre. Precisamos focar em recuperação e prevenção”, diz o ministro da Justiça.

Para Jardim, entre os desafios para conter a criminalidade e a violência nas cadeias estão a carência de agentes de segurança e penitenciários em alguns Estados, e a eventual aprovação de projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que visam ampliar o acesso a armas.

Um deles permite que guardas municipais portem armas até fora de serviço. Outra proposta reduz para 18 anos a idade mínima para adquirir uma arma.

“Nenhum país ganhou paz social ampliando armamento. E tem todo um conjunto de projetos (de lei) que dificultam. Se juntar esses fatores, é um desafio brutal. E você tem a corrupção e a incompetência dos Estados”, afirmou o ministro.

O custo de novas vagas

A manutenção de cada preso custa, em média, R$ 2,4 mil por mês aos cofres públicos, e cada vaga criada custa aproximadamente R$ 45 mil, devido às exigências de materiais que evitem fuga, como paredes fortificadas.

Presos por crimes contra o patrimônio, como roubo e furto, predominam nas cadeias brasileiras – são 50% do total. Outros 26% praticaram tráfico de drogas e 12%, crimes contra a vida, segundo a coordenadora do Depen.

Uma grande preocupação é a alta taxa de reincidência. Segundo o Ministério da Justiça, dois terços dos presos voltam a cometer crimes.

Para Mara Barreto, a solução para resolver o problema da superlotação e reduzir o número de presos que voltam a praticar delitos é efetivamente integrá-los à sociedade por meio de programas de capacitação e emprego.

Presídio no Brasil
A manutenção de cada preso custa, em média, R$ 2.400 por mês, e cada vaga criada custa aproximadamente R$ 45 mil, devido às exigências de materiais que evitem fuga, como paredes fortificadas | Fonte: CNJ

Mas isso depende da participação de empresas e de parcerias com os Estados. Em dezembro, o Ministério da Justiça lançou um programa para promover parcerias entre empresas privadas e o governo estaduais. A ideia é criar unidades industriais dentro das cadeias, para que os presos possam trabalhar.

Em Santa Catarina, alguns presídios já operam dessa maneira. Na Penitenciária Regional de Curitibanos, 100% dos presos trabalham, afirmou Barreto.

As empresas que firmarem parcerias para dar emprego aos presidiários poderão usar um selo com a palavra “Resgata” em seus produtos, atestando que colaboram com reintegração de detentos.

“Existe uma cultura de repressão e vontade de vingança na sociedade. Mas, no Brasil, não existe pena de morte nem prisão perpétua. As pessoas que estão presas vão voltar eventualmente para a sociedade. Nós queremos ver como vizinhos uma pessoa melhor ou pior?”, destacou a coordenadora do Depen.

“A prisão por si só não diminui a violência. É preciso integrar essas pessoas à sociedade para que não voltem a cometer crimes.”

Para o presidente do Fórum Brasileiro de Políticas Públicas, Renato Sérgio de Lima, além de projetos para recuperação de presos, é preciso um trabalho coordenado em âmbito nacional entre os governos federal, estaduais e o Judiciário, para que realmente haja uma reversão da crise carcerária brasileira.

E o foco, segundo ele, não deve ser só em encarcerar e construir presídios, mas em penas alternativas para crimes mais leves, troca de informação entre instituições e maior eficiência no julgamento de presos provisórios.

“Não é que as instituições não estejam trabalhando, mas, sem coordenação e uma política penitenciária nacional, qualquer política incremental que seja adotada tende a se diluir”, diz.

“Medidas pontuais não dão necessariamente certo. A força de inércia de manter tudo como está é mais forte. Ou a gente rompe esse mais do mesmo ou não será possível quebrar esse ciclo.”



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Polícia

Executor da morte de Raquel Cattani teria recebido R$ 4 mil pelo crime, diz delegado


Segundo a polícia, ex-cunhado revelou detalhes do assassinato premeditado pelo ex-marido da filha de deputado

O ex-marido da produtora rural Raquel Catani, de 26 anos, assassinada com 34 facadas, Romero Xavier, pagou R$ 4 mil para que o irmão dele, Rodrigo Xavier, a matasse e simulasse latrocínio, roubo seguido de morte. A informação foi dada pelo delegado Guilherme Pompeu em entrevista coletiva nesta quinta-feira, um dia após os dois terem sido presos pelo crime ocorrido na última sexta-feira, em Nova Mutum.

O delegado afirmou que Rodrigo confessou ter recebido o valor do irmão, de quem se reaproximou recentemente, para matar a ex-cunhada.

“Ele afirmou categoricamente que recebeu R$ 4 mil para cometer o crime, e inclusive já havia utilizado parte para comprar um carro”, contou o delegado.

Na data do crime, segundo Rodrigo disse à polícia, o irmão o deixou no sítio de Raquel, que é filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL). Para entrar na residência, ele arrombou a porta e ficou aguardando ela chegar.

“Após a vítima chegar, ele a surpreendeu e começou a golpeá-la”, disse.

Ele relatou à polícia que chegou em casa com a moto e, somente no outro dia, deixou a motocicleta no Rio Verde, em Lucas do Rio Verde, onde o veículo foi localizado nesta quinta-feira. A intenção era pegar a moto e outros objetos da vítima para simular um roubo com violência e prejudicar as investigações. Porém, de acordo com o delegado, “o intuito dele não era roubar e sim matar a vítima mediante pagamento”.

A suspeita da polícia sobre os irmãos recaiu logo no início das investigações. No mesmo dia do crime, os investigadores conversaram com a mãe deles que falou sobre o afastamento da família em relação a Rodrigo, que já tinha passagens criminais, gerando surpresa o contato repentino pouco antes do assassinato.

Romero foi preso na casa do pai de Raquel, com quem continuava a manter contato e fingia sofrimento e compaixão com a família dela após o crime, e Rodrigo na casa dele, em Lucas do Rio Verde.

O Globo


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cidade

Importantes vias de acesso serão duplicadas e asfaltadas em Primavera do Leste


Depois de dois anos de concluída, a duplicação da Avenida Belvedere, que é uma importante via de acesso, entre os bairros Buritis, Primavera III e Tuiuiú, foi anunciado o asfaltamento de um lado da via, que até então seguia sem a pavimentação. A obra será executada pela Imobiliária Riva, que deve investir algo em torno de R$ 7 milhões, tendo em vista que no projeto, também está previsto a extensão, da Avenida Amazonas, ligando a área central a região do aeroporto municipal. Rafael Carlotto Côrrea, diretor executivo da Imobiliária Riva, destaca que o asfaltamento e extensão das vias, é uma contrapartida da imobiliária em virtude do desenvolvimento da regiã .A Avenida Belvedere é uma das avenidas mais importantes da cidade. É uma avenida que interliga duas grandes e importantes regiões de Primavera, que é o Buritis e Primavera III, que tem em torno de 23 mil pessoas.

Boa parte dessas pessoas trabalham ou precisam vir para esse lado da cidade, então é indiscutível a importância da Avenida Belvedere. Nós, desde o início da cidade, da sua fundação, participamos ativamente no desenvolvimento dela. E tínhamos uma obrigação de dar uma contrapartida para o município em função do desenvolvimento urbano, quer seja por loteamento ou condomínio. Sentamos com o executivo e alinhamos essa importante duplicação da Avenida Belvedere e extensão da Avenida Amazonas. Pensando em trazer qualidade de vida para as pessoas, mas, acima de tudo segurança”. De acordo com o diretor executivo, a previsão é que as obras sejam concluídas até outubro, e serão entregues com sinalização horizontal e vertical, bem como a iluminação. “De acordo com o planejamento devemos entregar essa obra na primeira quinzena de outubro. E será entregue sinalizada e iluminada, inclusive para reforçar a segurança da infraestrutura e também o prolongamento da Avenida Amazonas, que hoje é usada pelas pessoas através de uma estrada rural. Uma rua perigosa, traz poeira e outros riscos, também será entregue com iluminação e sinalização.

Prolongamento Avenida Amazonas O investimento será de aproximadamente R$ 7 milhões e, quando pronta, a Avenida Amazonas, se tornará uma via direta até o aeroporto municipal. Todo o recurso será da Imobiliária Riva. “O município, ele recebe a pavimentação da Avenida Belvedere como contrapartida. E a Avenida Amazonas o poder público será responsável pelo trabalho de base”, explicou o prefeito Leonardo Bortolin. Ainda de acordo com o gestor municipal, a entrega da Avenida Belvedere completa, era um sonho antigo da administração. “A Prefeitura executou esse primeiro trecho alguns anos atrás, por entender a necessidade de comunicar a região do Buritis, Primavera III, Padre Onesto Costa, até essa grande região que já se tornou praticamente o centro, que é a região do Machadão e a ampliação, o prolongamento da Avenida Amazonas que vai interligar o centro a diversos bairros. Então essas obras iniciam na próxima semana e a gente pede muita atenção a todos os motoristas, a todos os condutores devido ao alto fluxo de trabalhadores e máquinas que estarão nesse trecho aqui da cidade”, destacou o prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin. Importante via .Conhecida como Avenida das Torres, a via é uma das principais ligações da região do bairro Primavera III com a BR 070 e tem sido motivo de muitas reclamações por parte dos moradores que a utilizam diariamente.

Atualmente, além de ser de pista simples com mão dupla na maior parte da sua extensão, alguns motoristas utilizam a faixa ainda não asfaltada, aumentando o risco. Construída pela prefeitura para servir como rota de desvio durante as obras da Avenida Eldevir Viécilli. A avenida foi construída em uma área de servidão, doada ao município pela concessionária de energia elétrica Energisa para que pudesse ser utilizada como o desvio e ganhou asfalto em 2019, depois de reclamações da população devido a poeira. Hoje é uma importante via de ligação da região do Primavera III com o centro e também a região do Sindicato Rural. Região essa que segundo levantamento feito pela prefeitura, concentra 23 mil moradores. CLIQUE F5


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