Vai depender… vai depender… vai depender de quem o pastor quiser.

O empresário Ubiratan Ferreira, o Bira, surge como “ungido” para disputar uma cadeira de deputado estadual. Não foi fruto de militância política, nem de trajetória partidária sólida — mas de uma escolha feita no altar da Assembleia de Deus Madureira, comandada pelo pastor Ary Dantas, mestre na arte de articular bastidores, com apoio do presidente da igreja em Mato Grosso.
E aqui está o ponto incômodo: culto não é palanque. A lei é clara. Só que, na prática, a Madureira transformou a fé em instrumento de poder político. A ordem vem de cima: em Brasília, em Cuiabá, em Primavera. Pastores escolhem, a membresia aplaude e a conta vira “obediência espiritual”. Não se trata de livre escolha, mas de voto de cabresto com verniz religioso.
Quanto ao destino de Bira, Republicanos, Podemos ou PL estão no radar. A boa amizade com o senador Wellington Fagundes deve pesar. Mas não nos enganemos: a decisão não será do próprio Bira. Quem escolhe é o grupo, e o grupo tem dono.
Nos bastidores, o caldo engrossou. Vado, eleito graças ao pastor Ary, não pretende apoiar Bira. Está atrelado a Léo, que já cobrou sua fatura política. Afinal, em política não existe almoço grátis — e dizem que a discussão foi de portas batidas e vozes elevadas.
O curioso é que Bira até poderia ser um bom nome. Tem perfil de empresário, discurso de renovação e poderia representar a cidade com autonomia. Mas essa autonomia não existe quando o mandato nasce no púlpito. E aí fica a pergunta que não quer calar: se eleito, Bira será deputado da sociedade ou apenas mais um representante da vontade dos pastores?
E há mais: se a vereadora Gislaine Yamashita (PL) anda sonhando em pegar carona nos votos do Bira e da Madureira em Mato Grosso, pode acordar. Os pastores Fernandes e Dantas já enxergaram que essa candidatura não empolga nem em Primavera do Leste. Ou seja: para quem esperava embarcar de graça, a porta da condução já foi fechada.
Por enquanto, só uma certeza: o pedido do líder segue firme, disfarçado de bênção.