Primavera do Leste / MT - Sábado, 08 de Novembro de 2025

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Justiça mantém nome de fazendeira de MT na ‘lista suja’ do trabalho escravo



Uma advogada e dona de uma propriedade rural em Juína (735 km a Noroeste) teve seu nome mantido pela Justiça do Trabalho em Mato Grosso na “lista suja” de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão. Um funcionário dela, 69, vivia em condições insalubres na fazenda.

A decisão, proferida no final de dezembro, também validou os autos de infração lavrados por auditores fiscais e reforçou a gravidade das violações constatadas.

A fiscalização revelou que o empregado vivia em um barraco improvisado na Fazenda Água Boa, sem qualquer estrutura básica de alojamento, acesso à água potável ou banheiro. Admitido em 2013, ele realizava diversas atividades rurais, como limpeza de pastos e aplicação de agrotóxicos. Nos 10 meses antes do resgate, foi transferido para uma área insalubre e estava exposto a riscos como ataques de animais selvagens e intempéries climáticas.

A situação degradante foi confirmada pelos auditores fiscais do trabalho, que encontraram o trabalhador no barraco feito de lona, sem proteção lateral ou sanitária, sendo que tinha que consumir água de um córrego barrento, também usada para higiene e preparo de alimentos. Além disso, o trabalhador sofreu uma redução salarial injustificada em 2020, prática vedada pela legislação trabalhista.

A fiscalização, que resultou em 9 autos de infração, contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e agentes da Polícia Civil.

A fazendeira alegou que as irregularidades constatadas eram administrativas e não configuravam trabalho análogo à escravidão. Afirmou que a inclusão de seu nome na ‘lista suja’, como é conhecido o Cadastro Nacional de Empregadores que submeterem trabalhadores a condições análogas à escravidão, trouxe prejuízos financeiros, como impossibilidade de contratação de financiamento, cassação de benefícios e antecipação de vencimentos de operações bancárias.

A Advocacia Geral da União (AGU) rebateu os argumentos da proprietária da fazenda, destacando que as condições identificadas representavam uma afronta a valores constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e a função social da propriedade.

A AGU também ressaltou que o conceito contemporâneo de trabalho escravo abrange práticas degradantes e desumanas, independentemente da restrição física do trabalhador, e argumentou que a exclusão da fazendeira da ‘lista suja’ comprometeria os esforços nacionais e internacionais de combate à escravidão moderna.

Violações graves
Na sentença dada na Vara do Trabalho de Juína, o juiz Adriano Romero apontou que as provas, incluindo fotos e depoimentos, confirmaram que o trabalhador foi mantido em condições sub-humanas, irregularidades admitidas inclusive pela própria fazendeira.

“A manutenção do vínculo de emprego por mais de uma década, sem registro em carteira, e as condições degradantes de trabalho revelam um grave desrespeito à dignidade do trabalhador e às normas de segurança e saúde”, escreveu o magistrado.

A decisão destacou ainda que a conduta da fazendeira foi incompatível com seu conhecimento jurídico, agravando a gravidade da situação: “Não se está a falar de uma pessoa simples do campo, mas de uma advogada, conhecedora do ordenamento jurídico brasileiro”, ressaltou.

As condições às quais o trabalhador foi submetido configuram uma grave violação, concluiu o juiz.

“O empregado vivia em um barraco construído de forma improvisada, sem proteção contra intempéries, sem acesso à água potável ou banheiro, e sujeito a ataques de animais selvagens. Essas condições não apenas violaram normas trabalhistas, mas também representaram um flagrante desrespeito à dignidade da pessoa humana”, escreveu o magistrado.

O juiz apontou que as justificativas apresentadas pela empregadora eram insuficientes e contraditórias. A alegação de que o trabalhador seria argentino e não possuía documentação legal foi considerada inválida, já que a fazendeira admitiu que o empregado trabalhou por anos sob suas ordens sem qualquer tentativa de regularizar a situação. Da mesma forma, não foi aceita a justificativa da fazendeira de que a redução do salário do trabalhador ocorreu em razão do arrendamento de parte das terras.

Com a decisão, a fazendeira permanece na “lista suja”, instrumento de combate ao trabalho escravo no Brasil criado em 2003. Segundo o Ministério do Trabalho, a lista atualmente conta com 717 empregadores e empresas, sendo atualizada semestralmente para dar transparência às fiscalizações e combate ao trabalho escravo contemporâneo.

GD



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CMTU inicia nova fase de revitalização da sinalização horizontal em vias centrais de Primavera do Leste


Essa nova fase faz parte de um cronograma voltado para a melhoria das condições de tráfego e da segurança viária

Outro ponto muito importante é que os serviços utilizam materiais de alta durabilidade, adequados ao tipo de demarcação

A Coordenadoria Municipal de Trânsito Urbano (CMTU) deu início a uma nova etapa dos trabalhos de revitalização da sinalização horizontal em importantes avenidas e ruas de Primavera do Leste. As atividades começaram na noite da última quarta-feira (05), pela Avenida Porto Alegre, uma das principais vias da região central da cidade.

 

De acordo com a coordenadora da CMTU, Marta Eunice, essa nova fase faz parte de um cronograma voltado para a melhoria das condições de tráfego e da segurança viária. “Seguindo um cronograma, iremos realizar os trabalhos inicialmente nas avenidas centrais, como a Porto Alegre, Piracicaba, Cuiabá, Campo Grande e no trecho da São João, entre a Osvaldo Cruz e a Campo Grande, pois são vias de grande movimento e com presença de escolas. A proposta é entregar essas avenidas completamente revitalizadas”, destacou.

 

A coordenadora explica que os serviços envolvem a reposição completa da sinalização horizontal, incluindo a pintura de faixas de pedestres, linhas de retenção, legendas, demarcação de lombadas e áreas de estacionamento. Os trabalhos estão sendo realizados preferencialmente no período noturno, para evitar grandes impactos no tráfego e mesmo com o período chuvoso terá continuidade.

 

“Mesmo trabalhando à noite, ainda enfrentamos algumas dificuldades, porque essas avenidas têm bares, conveniências e prédios residenciais, com veículos estacionados ao longo das vias. Por isso, pedimos a colaboração da população para que evite deixar os carros nas áreas sinalizadas durante as noites de serviço. É um transtorno necessário, que vai trazer benefícios para todos”, ressaltou Marta.

 

Outro ponto muito importante é que os serviços utilizam materiais de alta durabilidade, adequados ao tipo de demarcação e ao fluxo de veículos em cada local. “Nas faixas de pedestres e cruzamentos principais, estamos aplicando o material coline, que tem alta resistência à chuva, sol e atrito, praticamente permanente. Já em áreas de estacionamento, utilizamos uma tinta fria mais econômica, adequada ao tipo de uso”, explicou a coordenadora.

 

Marta ainda informou que, além do trabalho noturno, a equipe da CMTU poderá atuar durante o dia em domingos e feriados, aproveitando o menor movimento nas vias. Essa ação, vale reforçar, faz parte do esforço contínuo da Administração Municipal em garantir mais segurança, organização e fluidez ao trânsito urbano, reforçando o compromisso com a qualidade da mobilidade em Primavera do Leste.

Coordenadoria de Comunicação


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