Primavera do Leste / MT - Terca-Feira, 18 de Novembro de 2025

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Justiça mantém nome de fazendeira de MT na ‘lista suja’ do trabalho escravo



Uma advogada e dona de uma propriedade rural em Juína (735 km a Noroeste) teve seu nome mantido pela Justiça do Trabalho em Mato Grosso na “lista suja” de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão. Um funcionário dela, 69, vivia em condições insalubres na fazenda.

A decisão, proferida no final de dezembro, também validou os autos de infração lavrados por auditores fiscais e reforçou a gravidade das violações constatadas.

A fiscalização revelou que o empregado vivia em um barraco improvisado na Fazenda Água Boa, sem qualquer estrutura básica de alojamento, acesso à água potável ou banheiro. Admitido em 2013, ele realizava diversas atividades rurais, como limpeza de pastos e aplicação de agrotóxicos. Nos 10 meses antes do resgate, foi transferido para uma área insalubre e estava exposto a riscos como ataques de animais selvagens e intempéries climáticas.

A situação degradante foi confirmada pelos auditores fiscais do trabalho, que encontraram o trabalhador no barraco feito de lona, sem proteção lateral ou sanitária, sendo que tinha que consumir água de um córrego barrento, também usada para higiene e preparo de alimentos. Além disso, o trabalhador sofreu uma redução salarial injustificada em 2020, prática vedada pela legislação trabalhista.

A fiscalização, que resultou em 9 autos de infração, contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e agentes da Polícia Civil.

A fazendeira alegou que as irregularidades constatadas eram administrativas e não configuravam trabalho análogo à escravidão. Afirmou que a inclusão de seu nome na ‘lista suja’, como é conhecido o Cadastro Nacional de Empregadores que submeterem trabalhadores a condições análogas à escravidão, trouxe prejuízos financeiros, como impossibilidade de contratação de financiamento, cassação de benefícios e antecipação de vencimentos de operações bancárias.

A Advocacia Geral da União (AGU) rebateu os argumentos da proprietária da fazenda, destacando que as condições identificadas representavam uma afronta a valores constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e a função social da propriedade.

A AGU também ressaltou que o conceito contemporâneo de trabalho escravo abrange práticas degradantes e desumanas, independentemente da restrição física do trabalhador, e argumentou que a exclusão da fazendeira da ‘lista suja’ comprometeria os esforços nacionais e internacionais de combate à escravidão moderna.

Violações graves
Na sentença dada na Vara do Trabalho de Juína, o juiz Adriano Romero apontou que as provas, incluindo fotos e depoimentos, confirmaram que o trabalhador foi mantido em condições sub-humanas, irregularidades admitidas inclusive pela própria fazendeira.

“A manutenção do vínculo de emprego por mais de uma década, sem registro em carteira, e as condições degradantes de trabalho revelam um grave desrespeito à dignidade do trabalhador e às normas de segurança e saúde”, escreveu o magistrado.

A decisão destacou ainda que a conduta da fazendeira foi incompatível com seu conhecimento jurídico, agravando a gravidade da situação: “Não se está a falar de uma pessoa simples do campo, mas de uma advogada, conhecedora do ordenamento jurídico brasileiro”, ressaltou.

As condições às quais o trabalhador foi submetido configuram uma grave violação, concluiu o juiz.

“O empregado vivia em um barraco construído de forma improvisada, sem proteção contra intempéries, sem acesso à água potável ou banheiro, e sujeito a ataques de animais selvagens. Essas condições não apenas violaram normas trabalhistas, mas também representaram um flagrante desrespeito à dignidade da pessoa humana”, escreveu o magistrado.

O juiz apontou que as justificativas apresentadas pela empregadora eram insuficientes e contraditórias. A alegação de que o trabalhador seria argentino e não possuía documentação legal foi considerada inválida, já que a fazendeira admitiu que o empregado trabalhou por anos sob suas ordens sem qualquer tentativa de regularizar a situação. Da mesma forma, não foi aceita a justificativa da fazendeira de que a redução do salário do trabalhador ocorreu em razão do arrendamento de parte das terras.

Com a decisão, a fazendeira permanece na “lista suja”, instrumento de combate ao trabalho escravo no Brasil criado em 2003. Segundo o Ministério do Trabalho, a lista atualmente conta com 717 empregadores e empresas, sendo atualizada semestralmente para dar transparência às fiscalizações e combate ao trabalho escravo contemporâneo.

GD



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Polícia

Governo do Estado entrega nova viatura 4×4 para reforçar Patrulha Rural em Primavera do Leste


O secretário de Segurança Pública, coronel César Roveri, apresentou um panorama dos avanços no setor desde 2019

O prefeito Sérgio Machnic destacou a satisfação do município com a chegada do novo veículo e lembrou o diálogo que garantiu a entrega imediata

A segurança pública de Primavera do Leste recebeu um importante reforço nesta segunda-feira, 17, com a entrega de uma nova caminhonete 4×4 totalmente equipada para atuação da Patrulha Rural da Polícia Militar. A solenidade contou com a presença do secretário de Estado de Segurança Pública, coronel PM César Roveri, do prefeito Sérgio Machnic, da vice-prefeita Iva Viana, autoridades civis e representantes das forças de segurança.

O prefeito Sérgio Machnic destacou a satisfação do município com a chegada do novo veículo e lembrou o diálogo que garantiu a entrega imediata. “É uma história bacana. Falei com o Pellegrini, perguntei o que estava faltando, ele disse: ‘viatura’. Fomos até Cuiabá, conversamos com o secretário e ele se dispôs na hora: ‘Vou te arrumar uma zero quilômetro, toda equipada’. Ficamos muito felizes porque a decisão foi imediata e a viatura na sequência foi reservada para Primavera”, disse.

O prefeito também ressaltou o compromisso do Governo do Estado com a segurança pública e o apoio constante aos municípios. “A presença do secretário aqui mostra que o Estado está presente. O governo de Mato Grosso protege quem trabalha e produz. É uma honra receber uma viatura, mas, acima disso, receber o governo aqui, representado pelo secretário, pelo Mauro e pelo Piveta”, afirmou.

A vice-prefeita Iva Viana reforçou a transformação observada na segurança pública nos últimos anos.
“Quando vocês assumiram o governo, todos conheciam a realidade. Hoje vemos a diferença. Agradecemos a todos os envolvidos nesse processo, que contribui diretamente para a segurança do nosso município”, disse.

O secretário de Segurança Pública, coronel César Roveri, apresentou um panorama dos avanços no setor desde 2019, destacando o salto histórico na frota das forças de segurança. ‘Quando o governador Mauro Mendes assumiu, o Estado tinha 601 viaturas. Hoje são praticamente 2.900 veículos em operação. É um aumento expressivo da camada de proteção social”, afirmou.

Roveri também detalhou a importância da nova caminhonete entregue à Patrulha Rural. “É uma viatura 4×4, equipada com cela e rádio digital. Esse rádio é fundamental, porque temos comunicação segura em todo o estado, sem risco de interceptação. É mais um equipamento que fortalece o policiamento nos locais onde o agro sustenta a economia”.

O secretário citou ainda o programa Tolerância Zero às Invasões de Terra, lançado em 2023, que já impediu 61 tentativas de invasão no estado. “Nenhuma delas prosperou. E qualquer nova tentativa também não vai prosperar. A ordem do governador é clara: proteger o produtor nas primeiras 24 horas”, disse.

Outro destaque foi o Vigia Mais Mato Grosso, que já instalou 18.900 câmeras de monitoramento em 129 municípios. Roveri afirmou que Primavera do Leste passará a integrar o programa. “Primavera não pode ficar fora. O prefeito já decidiu aderir, e isso vai modernizar o monitoramento e reduzir custos para o município”, completou.

O comandante do 11º Comando Regional da PM, coronel Pellegrini, ressaltou que a nova viatura terá impacto direto na proteção do campo. “Mais de 90% do PIB do município vem do agro. Esse reforço no policiamento ostensivo nas regiões rurais é essencial, ainda mais no período de chuvas. A caminhonete garante condições reais de atuação da Patrulha Rural”, afirmou.

Ele também destacou o papel do governo do Estado na ampliação e modernização das ações de segurança pública. “O que o secretário tem feito por nós fortalece o patrulhamento, o programa Patrulha Rural e as ações de tolerância zero. A PM está à disposição para fortalecer as políticas do governo”, finalizou.


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