Primavera do Leste / MT - Segunda-Feira, 16 de Setembro de 2024

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Relembre: Moradores falam sobre preconceito em Primavera



Matéria feita pela jornalista Stephanie Freitas revela preconceito sofrido e superação de alguns moradores de Primavera do Leste. A matéria foi feita no ano de 2017, a pergunta que fica, nos dias atuais a realidade mudou em Primavera?

Na próxima sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, completa-se 320 anos do fuzilamento e esquartejamento do líder do Quilombo dos Palmares, o Zumbi. No local, no alto da Serra da Barriga, atualmente Alagoas, viviam mais de 30 mil pessoas, negras, índias e brancas, em uma sociedade livre, que foi invadida em 1965 por senhores de engenho, bandeirantes de São Paulo e militares de Pernambuco. De acordo com um artigo publicado pelo escritor Marcelo Barros, o censo mais recente mostra que 44% da população brasileira é afro-descendente, mas apenas 5% das pessoas se declaram negras. Da população brasileira mais empobrecida, 64% são pessoas negras. O Mapa da Violência divulgado no início de novembro deste ano que em Mato Grosso, o número de assassinatos de mulheres brancas caiu 15,2% de 2003 a 2013. Já com relação às mulheres negras, cresceu 15,1% no mesmo período. No Brasil, os dados oficiais mostram que um branco de 25 anos tem, em média, mais do que o dobro de anos de estudo do que um negro da mesma idade. Racismo e injúria racial, de acordo com a legislação brasileira, são punidos com reclusão de um a três anos e multa. Realidade em Primavera Em entrevista com três negros moradores da cidade, o advogado Luiz Carlos Rezende, os vereadores Luis Costa e Estaniel Pascoal, e a professora Janaina Rodrigues Pitas, que desenvolveu um grupo de trabalho com Formação Continuada para professores (Seduc), voltado para as Relações Étnico-raciais nas escolas de Primavera, constata-se que de forma velada ou mais explícita, o preconceito existe.

Atuando em Primavera há 13 anos, o advogado Luiz Carlos Rezende, 51 anos, natural de Nova Londrina/PR, conta que, apesar de não ter sofrido agressões verbais racistas diretas, notou, em algumas ocasiões, um certo preconceito. “Já senti que as pessoas esperavam menos de mim à primeira vista. Quando eu dizia que era professor e advogado, me olhavam de um jeito diferente”, comentou Luiz. Ele recorda que há poucos anos, era comum encontrar em anúncios de emprego o quesito ‘boa aparência’, “o que denota uma forma velada de preconceito” acrescentou. Luiz cita casos em que disse ser negro e recebeu como resposta “Ah, mas você não é negro”, como se fosse algum tipo de elogio. Para ele, a postura com relação ao racismo em Primavera não diverge muito da média nacional. “Mas acredito que essa questão vem melhorando, até porque, os negros não aceitam pacificamente, como por exemplo, o caso recente da atriz Taís Araújo”, salientou. O advogado revela que a princípio era contra as cotas raciais. “Mas com experiências como a que tive, quando participei de um encontro nacional de advogados, em que haviam no máximo 100 negros em um público de 2.500 pessoas, passei a defender. Acredito que, na verdade, deveria haver uma seleção que levasse em conta toda a questão social, já que nem todos os negros precisam desse tipo de vantagem, apesar de a maioria necessitar”, avaliou.

 O vereador a época Estaniel Pascoal se orgulha de ser o primeiro presidente negro da Câmara de Vereadores de Primavera. “Existe preconceito sim, como já sofri, mas vejo que a população vem superando”, comentou o parlamentar de 43 anos, morador de Primavera há oito. Vindo de Cuiabá, ele revela que quando contou à família que iria se mudar para cá, ficaram receosos por já ter ouvido sobre preconceito na cidade, “onde predomina a pele e os olhos claros”, comentou. Em um dos casos em que foi vítima de racismo, Estaniel relembra que ao usar o computador, escutou o comentário: “Nossa, ele sabe usar”. Ele comenta que em situações como estas, prefere ignorar e mostrar indiferença. “Mas falta espaço para os negros na sociedade, por isso sou a favor das cotas raciais. Para mim, a educação supera tudo”, enfaztiou. “ACHAM ELOGIO DIZER ‘PRETO DE ALMA BRANCA’”

 Já o vereador Luis Costa, nascido em uma fazenda na região de Primavera, há 33 anos, em um parto realizado pelo próprio pai, relembra algumas experiências traumáticas de racismo. “Já cheguei a registrar boletins de ocorrências. Sem dúvida, os negros são mais vulneráveis na sociedade, e aqueles que conseguem estudar são os que se destacam. Muitos dos colegas de infância e adolescência do Bairro São José, onde eu morava, estão presos ou morreram no mundo da criminalidade”, contou. Luis, ainda adolescente, trabalhou como entregador do jornal O Diário. “Enquanto muitos estavam se envolvendo com drogas ou crimes, eu busquei outro caminho. Mas mesmo assim, sofri muito preconceito. Em uma ocasião em que cheguei a uma casa para entregar o jornal, um cachorro tentou me atacar e peguei um pedaço de madeira para me defender. Ao sair da casa, o proprietário me ameaçou, dizendo que se eu matasse o animal, ele me mataria, porque o cão valia muito mais que eu. Ao mesmo tempo, tinha pessoas generosas que me esperavam com pão e café todos os dias”, relembrou. Ele cita casos em que, por ser honesto, pessoas achavam que estavam o elogiando, quando o chamavam de “preto da alma branca”. Luis afirma que é a favor das cotas raciais, como forma de amenizar toda a repressão e sofrimento dos negros. “EXISTE UM RACISMO VELADO” A professora Janaina Rodrigues Pitas, 38 anos, moradora de Primavera há oito, revela que, entre os aspectos discutidos e pesquisados em três escolas estaduais do município, em 2014, percebeu que muitos alunos desconheciam o dia 20 de novembro. “Isso mostra uma fragilidade na educação. Acredito que existe um preconceito velado. Uma professora negra daqui de Primavera, que mora no Centro da cidade, já foi confundida como empregada, na própria casa. Quer dizer que uma negra não pode morar numa casa bonita, no centro?”, questionou.

Ela acredita que as pessoas que são contra as cotas raciais não conhecem todo o contexto em que foram aprovadas e a construção histórica dessa política afirmativa. “Avalio diante das minhas pesquisas, apresentações em seminários nacionais e estaduais que essa cidade mascara e silencia o peso da discriminação contra o negro, o indígena, o maranhense, e tantos outros grupos que foram e são responsáveis pela construção da mesma”.

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Região

Mercado de trabalho: Estão abertas 500 vagas para curso gratuito de capacitação no Mato Grosso


O Coletivo Online já impactou a vida de mais de 200 mil jovens brasileiros e inseriu mais de 60 mil no mercado, proporcionando emprego e renda em todo o país

Estão abertas 500 vagas em Mato Grosso para o curso Coletivo Online, oferecido gratuitamente pelo Instituto Coca-Cola Brasil em parceria com a Solar Coca-Cola. Esta capacitação é voltada para jovens de 16 a 25 anos, com renda familiar de até dois salários-mínimos, que concluíram ou estão concluindo o Ensino Médio. O curso visa auxiliar os jovens a entender o mercado de trabalho e orientá-los na busca por emprego, oferecendo dicas práticas e atualizadas sobre como elaborar um currículo, como se comportar em uma entrevista e até mesmo sobre organização e planejamento financeiro.

A iniciativa Coletivo Online faz parte da Plataforma Coletivo Jovem, que tem como foco a empregabilidade de jovens em situação de vulnerabilidade social. Desde o início de sua implementação, em 2009, a Plataforma já impactou mais de 200 mil jovens, chegando a mais de 2 mil municípios. Do total de beneficiados, mais de 60 mil tiveram acesso ao mercado de trabalho

“Como marca empregadora, a Solar tem orgulho de poder impulsionar o protagonismo dos jovens brasileiros junto ao Instituto Coca-Cola Brasil, dando suporte na caminhada e na conquista do primeiro emprego. Auxiliando a juventude, nós conseguimos fomentar o conhecimento, oportunidades e participar ativamente da construção de um futuro melhor para todos”, destaca Cidinha Fávero, diretora regional da Solar.

Além de online e gratuito, o curso é realizado com duração rápida, via WhatsApp, e está disponível em todo o território nacional. São, ao todo, 11 videoaulas, que podem ser maratonadas, bastando ter uma conexão à internet para conseguir receber os vídeos.

Após a capacitação, o jovem irá receber um certificado de conclusão para adicionar ao currículo. Ele também poderá se cadastrar em uma comunidade de vagas exclusivas de mais de 400 empregadores parceiros. Até o momento, mais de 2.400 jovens já se formaram pelo Coletivo no Mato Grosso.

As inscrições podem ser feitas por meio deste link: https://www.solarbr.com.br/coletivo

Sobre a Solar Coca-Cola — Entre os 20 maiores fabricantes do mundo do Sistema Coca-Cola, a Solar Coca-Cola conta atualmente com 13 fábricas e atua em uma área que representa cerca de 70% do território brasileiro, operando na totalidade das regiões Norte, Nordeste, Estado do Mato Grosso e parte de Goiás e Tocantins. Destaque no cenário nacional como uma das maiores empresas de bens de consumo do país, a companhia conta com mais de 18 mil colaboradores (as) e é responsável pela produção e distribuição de mais de 220 produtos do portfólio da Coca-Cola e de parceiros para cerca de 400 mil pontos de venda. Com faturamento anual de cerca de R$ 9,6 bilhões, a companhia alcança mais de 80 milhões de brasileiros.

Sobre o Instituto Coca-Cola Brasil – O Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e tem como propósito ser agente de transformação social para reduzir as desigualdades e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país, potencializado por parcerias e pelo Sistema Coca-Cola Reconhecidos por sua tecnologia social e capacidade de escala, assumiu o compromisso público de, até 2030, promover o empoderamento econômico, através da geração de oportunidades no mundo do trabalho para 5 milhões de jovens, prioritariamente negros e mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica no país. Até hoje, o ICCB já beneficiou 531 mil pessoas.

Assessoria de Imprensa Solar Coca-Cola


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