Primavera do Leste / MT - Quarta-Feira, 02 de Julho de 2025

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Brasil

Um milhão de indígenas brasileiros buscam alternativas para sobreviver



Há, no Brasil, cerca de 1 milhão de indígenas de mais de 250 etnias distintas vivendo em 13,8% do território nacional. Em meio às ameaças de violência, riscos de perda de direitos em decorrência da pressão dos latifundiários, mineradoras e usinas, alguns povos indígenas lutam por mais autonomia, tentando conquistar, com a comercialização de seus produtos e com o turismo, alternativas para diminuir a dependência dos recursos cada vez mais escassos da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Segundo especialistas consultados pela Agência Brasil, estes são alguns dos principais desafios a serem lembrados neste 19 de abril – o Dia do Índio.

Para serem bem-sucedidos, nessa empreitada visando a venda de suas produções e a exploração dos recursos naturais das terras indígenas (TIs), os povos indígenas têm como desafio buscar maior representatividade no Congresso Nacional, uma vez que cabe ao Legislativo Federal criar políticas específicas que deem segurança jurídica para que eles consigam o desenvolvimento financeiro do qual sempre foram excluídos.

Sustentabilidade

Alguns povos indígenas que tiveram suas terras homologadas têm conseguido bons resultados por meio da comercialização de seus produtos. Levantamento apresentado à Agência Brasil pelo Instituto Socioambiental (ISA) aponta que, somente na safra 2017/2018, índios da etnia Kaiapó do Pará obtiveram cerca de R$ 1 milhão com a venda de 200 toneladas de castanha. Outros R$ 39 mil foram obtidos com a venda de sementes de cumaru, planta utilizada para a fabricação de medicamentos, aromas, bem como para indústria madeireira.

A castanha rendeu aos Xipaya e Kuruaya, no Pará, R$ 450 mil, dinheiro obtido com a venda de 90 toneladas do produto. Cerca de 6 mil peças de artesanato oriundo das Terras Indígenas do Alto e do Médio Rio Negro renderam R$ 250 mil aos índios da região. Já os indígenas da TI Yanomami (Roraima e Amazonas) tiveram uma receita de R$ 77 mil com a venda de 253 quilos de cogumelos.

Os exemplos de produções financeiramente bem-sucedidas abrangem também os Baniwa (AM), que venderam 2.183 potes de pimenta, que renderam R$ 46,3 mil. As 16 etnias que vivem no Parque do Xingu obtiveram R$ 28,5 mil com a venda de 459 quilos de mel.

 

Autonomia

O presidente da Funai, general Franklimberg Ribeiro Freitas, disse que cabe aos indígenas a escolha do modelo de desenvolvimento a ser adotado. “A Funai deve apoiá-los para atingir seus objetivos”, afirmou à Agência Brasil. “Em diversas regiões, os índios estão produzindo visando à comercialização de seus produtos ou mesmo serviços, como o turismo ecológico. Essas experiências mostram que a extração sustentável, a comercialização de produtos e o turismo podem ajudar a ampliar o desenvolvimento das Terras Indígenas”, disse o presidente do órgão indigenista.

Franklimberg destacou que entre as etnias que produzem e avançam na comercialização de produtos e serviços estão os Kaiapós do Pará.  “Eles produzem toneladas de castanha e agora reivindicam máquinas para beneficiar o produto”, ressaltou. “Há também o cultivo e a venda de camarão, pelos Potiguara da Paraíba, que está bastante avançada. Tem até a lavoura de soja dos Pareci, no Mato Grosso”.

O presidente da Funai acrescentou ainda que: “No caso do minério e dos recursos hídricos, é preciso ainda normatizar e regulamentar essas atividades, o que cabe ao Congresso Nacional fazer”.

Congresso Nacional

Para o antropólogo e professor da Universidade de Brasília Stephen Baines, os indígenas são preteridos na relação com os empresários e donos de terras. “Há uma desproporção absurda no Legislativo brasileiro a favor daqueles que querem o retrocesso dos direitos dos povos indígenas, previstos na Constituição de 1988 e na legislação internacional”, disse à Agência Brasil.

“Temos atualmente um Congresso Nacional extremamente conservador que representa – por meio de parlamentares ligados à bancada ruralista, ao agronegócio, às empresas de mineração e aos consórcios de mineração e de usinas hidrelétricas – a maior ameaça e o maior ataque aos direitos dos povos indígenas”, afirmou o antropólogo.

Segundo Baines, é difícil para os índios planejar grandes voos do ponto de vista de recursos, sem que, antes, seja resolvida a questão da gestão territorial, o que inclui a segurança jurídica que só é possível a eles após terem suas terras demarcadas e homologadas.

“É fundamental que se tenha respeito pelos índios e pela sua forma de viver e produzir. Para tanto, é necessária a efetivação dos direitos previstos tanto na Constituição como pelas convenções internacionais”, disse Baines citando convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos dos povos indígenas.

Violência

Stephen Baines afirmou que a violência contra os índios ainda é intensa em várias comunidades, como nos estados do Pará, Mato Grosso e Roraima. “Há muitas ameaças contra os índios, feitas por latifundiários, empresas e pelos capangas, que matam lideranças locais que lutam pelos seus direitos. Quer saber onde os índios correm mais riscos? Basta olhar para as terras indígenas que estão próximas a latifúndios”, disse.

Baines citou como exemplo o ocorrido na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), onde fazendeiros que vieram de outras regiões se instalaram. “Eles invadiram as áreas indígenas para desenvolver produção industrial de arroz. Para expulsar os índios da região, usavam capangas. Até indígenas foram pagos por eles para intimidar as lideranças”, afirmou.  “Atualmente, muitos daqueles invasores são atualmente influentes políticos locais e federais e, com a ajuda da mídia, passam a falsa ideia de que há muita miséria entre os indígenas. Os indígenas negam isso, mas não conseguem espaço na mídia para desmentir a história falsa.”

À Agência Brasil, o integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária e líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), disse que “nenhum projeto” aprovado pelo Congresso Nacional traz prejuízos aos interesses dos indígenas. “Pode ir contra o interesse de intermediários, interventores ou organizações sociais, que dizem trabalhar para o índio. Nenhum deputado que eu conheço, que defenda o setor produtivo, trabalha contra o índio”, disse.

Nilson Leitão afirmou que o “verdadeiro parceiro do índio são os produtores”. “[Indígenas e produtores] são vizinhos, moram na mesma localidade, têm as mesmas peculiaridades e colaboram um com o outro. Não existe conflito entre eles a não ser aqueles provocados por organizações sociais”, disse.

Marco temporal

O antropólogo alertou sobre “marco temporal”, medida que divide opiniões, busca produzir a área das terras indígenas, colocando como referência para as demarcações as terras que estavam ocupadas na época em que a Constituição foi promulgada [1988], ou seja, quando os “indígenas foram removidos e expulsos de suas terras em todo o Brasil”.

Neste cenário, as manifestações indígenas ganharam mais força, como o caso do Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Formado em 2004, é a maior mobilização de povos indígenas do país. Em 2017, mais de 3 mil indígenas de 200 povos participaram da manifestação em Brasília.

No próximo dia 23, haverá a 15ª edição da mobilização, em Brasília, em defesa da manutenção e efetivação dos diretos dos povos indígenas.

Mais demandas

Os diversos grupos indígenas apelam por mais mecanismos de segurança jurídica para o desenvolvimento e comercialização de seus produtos. “A segurança jurídica não pode ficar restrita a grandes grupos econômicos. Além de ter seus direitos respeitados e a liberdade para explorar as terras como acharem melhor, os indígenas precisam também de incentivos para produzir, respeitando seus próprios modos de produção”, argumentou Stephen Baines

Segundo o antropólogo, o conhecimento tradicional sobre a relação com o ambiente faz parte dos produtos indígenas e, ao mesmo tempo, valoriza a questão ambiental. “Não há dúvida de que o fato de serem feitos por indígenas dá ao produto um diferencial, por serem ecologicamente seguros. Inclusive há lojas na Europa muitas lojas que vendem produtos industrializados como sendo indígenas. Alguns até usam uma pequena quantidade de óleo de castanha kaiapó para associar a imagem do produto à ideia de produção sustentável em suas campanhas de marketing”.

Em menor escala, a forma de produção indígena é bastante diferente da exploração industrial, que, segundo ele, é desastrosa e provoca impactos ambientais irreversíveis. “Quando eles optam pela mineração, eles o fazem por meio de uma maneira própria de garimpagem em pequena escala. Extraem somente o necessário, pensando nas gerações futuras. Não querem empresas porque sabem que elas tiram tudo de uma vez, não deixando nada para o futuro”.

Para Baines, é importante a adoção de cotas indígenas no ensino superior, como fez de forma pioneira a Universidade de Brasília (UnB). Em 2017, havia 67 alunos indígenas de 15 povos. Destes, 42 faziam graduação e 25 pós-graduação.

Política

O assessor parlamentar da Funai Sebastião Terena disse que as lideranças indígenas têm trabalhado também para ampliar a representatividade de índios na política brasileira nas eleições de 2018, em especial no Congresso Nacional. As dificuldades, no entanto, não são poucas. Na história do Parlamento brasileiro, o único indígena eleito foi Mário Juruna, em 1982, para a Câmara dos Deputados.

Pelos dados de Terena, há apenas 117 vereadores indígenas cumprindo mandato em 25 unidades federativas, além de quatro prefeitos e um vice-prefeito. “Apesar da falta de recursos e de infraestrutura, pela primeira vez teremos pré-candidatos indígenas em pelo menos 10 estados e no Distrito Federal”, disse Terena à Agência Brasil. A definição dessas candidaturas deve ocorrer em julho.

O antropólogo Stephen Baines lamenta que “apenas uma pequena minoria de parlamentares luta pelos direitos indígenas”. “Em parte, isso se explica porque muito do dinheiro do agronegócio e das empresas e consórcios acaba sendo usado em campanhas eleitorais das bancadas contrárias aos povos indígenas. E muito provavelmente parte do financiamento vantajoso que é direcionado ao agronegócio acaba servindo também para financiar as campanhas dessa bancada que faz de tudo para inviabilizar candidaturas indígenas”, acrescentou.

Na avaliação de Baines, a data de hoje – Dia do Índio – é importante não só para o protagonismo indígena, mas também para chamar a atenção das pessoas interessadas na defesa dos direitos indígenas.

Fonte: Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil*  Brasília
 



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Entretenimento

Projeto “Cinema na Palma da Mão” traz técnicas de cinema para Primavera do Leste


A iniciativa é uma realização da Prefeitura Municipal de Primavera do Leste, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude (Secult) em parceria com Arte Viva Filmes e Cine Escola

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Autor: Denilson Paredes

Entre os dias 2 a 15 de julho acontece em Primavera do Leste o projeto “Cinema na Palma da Mão”, que ensinará técnicas de captação de imagens e edição para cinema. A iniciativa é uma realização da Prefeitura Municipal de Primavera do Leste, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude (Secult) em parceria com Arte Viva Filmes e Cine Escola.

 

O projeto promete democratizar o acesso ao cinema e à cultura audiovisual na cidade, oferecendo atividades em dois locais e horários distintos para atender diferentes públicos. Para o público mais jovem serão ofertadas aulas no período vespertino na Escola Alda Scopel, enquanto para o público mais adulto as aulas serão no período noturno no Sest/Senat.

 

As aulas, que ensinarão técnicas de cinema de captação e edição de imagens com o uso do telefone celular e serão ministradas pelo diretor de cinema Bellamir Freire, profissional com bastante experiência na área e reconhecido nacionalmente, com a produção de Sebastião Moreira e Elton Carlos.

 

As pessoas interessadas poderão se inscrever pelo telefone (66) 99603 5294 e é uma excelente oportunidade tanto para quem já desenvolve algum trabalho na área quanto para quem pretende iniciar a partir de agora.

Confira abaixo a programação:

– Escola Estadual Alda Scopel: de segunda a sexta-feira, das 16h30 às 19h30

– SEST SENAT Primavera do Leste: de segunda a sexta-feira, das 19h30 às 22h


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cidade

Prefeitura realiza Conferência da Assistência Social para debater políticas públicas para o setor


O evento, que acontece no dia 8 de julho, terá cinco eixos temáticos e debaterá os desafios e avanços das políticas públicas no setor

A Prefeitura Primavera do Leste, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, realiza na próxima semana a 14ª Conferência Municipal de Assistência Social. O evento, que acontece no dia 8 de julho, terá cinco eixos temáticos e debaterá os desafios e avanços das políticas públicas no setor.

 

A secretária de Assistência Social Tânia Carlotto explica que a 14ª Conferência Municipal de Assistência Social tem como objetivo refletir sobre os avanços, desafios e perspectivas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ao longo de duas décadas. “O evento reafirma o papel do SUAS na garantia dos direitos sociais e na promoção da cidadania, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Durante a conferência, serão discutidos cinco eixos temáticos, com o objetivo de elaborar propostas para o fortalecimento da política de assistência social”.

 

Ela completa dizendo que a Conferência será um momento importante para o debate sobre a importância e a efetividade de políticas públicas de assistência social no município. “Esse será um momento rico de troca de experiências e de ouvirmos da população e dos usuários das nossas políticas as dicas e sugestões para aprimorarmos ainda mais o nosso trabalho. Por isso é importante a participação de todos. A realização da conferência reafirma o compromisso com o controle social e a gestão participativa, fundamentais para o aprimoramento das ações e serviços socioassistenciais”, externou.

 

A 4ª Conferência Municipal de Assistência Social acontecerá no dia 8 de julho de 7h às 11h e das 13h às 18h no espaço do Programa Conviver e será aberto ao público. Ao final doe vento serão eleitos seis delegados(as) que representarão o município nas etapas estadual e nacional da Conferência.

 

Os seus cinco eixos temáticos serão:

 

1. Universalização do SUAS: Acesso integral com equidade e respeito às diversidades.

2. Aperfeiçoamento contínuo do SUAS: Inovação, gestão descentralizada e valorização profissional.

3. Integração de benefícios e serviços socioassistenciais: Fortalecimento da proteção social, segurança de renda e inclusão.

4. Gestão democrática, informação e comunicação transparente: Fortalecimento da participação social no SUAS.

5. Sustentabilidade financeira e equidade no cofinanciamento do SUAS.

 

Programação:

 

Período da manhã (07h às 11h):

– Credenciamento

– Coffee break

– Abertura oficial

– Apresentação cultural

– Palestra magna com *Cenira Benedita Evangelista*, assistente social e conselheira estadual do Conselho de Assistência Social de Mato Grosso

– Debates

 

Período da tarde (13h às 18h):

– Grupos de trabalho

– Coffee break

– Plenária final

– Deliberação de propostas e moções

– Eleição de delegadas e/ou delegados para a 16ª Conferência Estadual de Assistência Social

– Encerramento

Fonte: Coordenadoria de Comunicação / Autor: Denilson Paredes


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cidade

Vacina contra Influenza está liberada para pessoas de todas as idades


O imunizante está disponível a partir do dia 1º de julho nas 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a vacinação é fundamental para garantir a proteção contra a doença

A Secretaria Municipal de Saúde de Primavera do Leste liberou a vacina contra a Influenza, mais conhecida como gripe, para toda a população da cidade a partir dos 6 meses de idade. O imunizante está disponível a partir do dia 1º de julho nas 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a vacinação é fundamental para garantir a proteção contra a doença, que costuma afetar muitas pessoas nessa época do ano.

 

A secretária Municipal de Saúde Laura Leandra alerta para a importância da imunização. “É muito importante que todas as pessoas se vacinem para se protegerem contra a Influenza, da mesma forma como é importante que levem as crianças e idosos para tomarem a sua vacina. Se vacinar é um ato de consciência e vacinar a família é um ato de amor. Não vamos perder a oportunidade e vacinar todo mundo”, afirmou.

 

Ela conta que a E a vacina é a melhor forma de se proteger das formas graves da doença e que a vacinação é ainda mais importante para quem mais precisa. “Nós já vínhamos vacinando os públicos prioritários, mas isso não significa que quem está de fora desse público não precisa. Nós temos que tomar a vacina e a recomendação é que as pessoas procurem uma unidade de saúde o quanto antes e leve a sua caderneta de vacinação. Mas se não tiver ou não encontrar, vá assim mesmo que o mais importante é estar vacinado para se proteger da gripe”, completou a secretária.

 

A vacina está disponível em todas as unidades de saúde da cidade de 7h30 até 10h30 e retorna as 13h e prossegue até as 16h30. Para quem não tem tempo durante o dia, a vacinação também estará disponível no período noturno no ESF do bairro Parque Eldorado e do bairro Buritis.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Autor: Denilson Paredes


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